segunda-feira, maio 30, 2011

Um amigo leve

A Danuza Leão (Folha de São Paulo - 29/05/11) disse tudo neste texto.
Só que eu procuro este amigo há muito tempo... onde será que ele está?
Como ele mesmo diz... É coisa rara.  Segue o texto:


É SEMPRE ASSIM: com tanto para fazer e sem tempo para nada, a gente acaba negligenciando um monte de coisas, entre elas nossos afetos.


E como os sentimentos não sobrevivem sem uma certa atenção, um dia se começa a achar que o coração não consegue -e nunca mais vai conseguir- gostar, ou ao menos sofrer por alguém.


Mas o tempo passa, aquele amigo que a gente via o tempo todo viaja e um belo dia você sente saudades dele. Preste atenção: esse fato é mais merecedor de uma comemoração do que qualquer data querida. Ter saudades de um amigo, há quanto tempo isso não acontecia? Ah, que coisa boa.


Uma simples saudade faz com que você se sinta viva, mesmo que sejam saudades apenas de um amigo -como se um amigo pudesse ser chamado de "apenas". Mas tantas vezes você amou apaixonadamente, e quando ele fez uma viagem sentiu um alívio, até para descansar de tanta paixão e poder se encher de cremes, sem ele por perto para reclamar? E tem melhor do que de vez em quando ter aquela cama enorme só para você, e até dormir com a televisão ligada?


Ter um amigo é coisa muito boa, e sendo um que não te patrulha, não te inveja, não te analisa nem discute a relação, é bom demais -e raro. Um amigo tão bom que te aceita do jeito que você é, que não faz perguntas indiscretas, que te entende e está por ali sem ser, jamais, invasivo. Você sabe de certas particularidades dele, ele das suas, mas delas não falam, só quando é necessário. E com pouca intimidade.


O excesso de intimidade pode ser fatal, mesmo entre mãe e filho, marido e mulher. A intimidade física não é nada, perto da dos pensamentos e sentimentos. Pode ser pior do que ouvir a pergunta "em que você está pensando?". Pode sim: é quando alguém tenta analisar a razão pela qual você disse ou fez determinada coisa num determinado dia, pretendendo, assim, conhecer você melhor do que você mesma se conhece.


Um distanciamento saudável é indispensável às boas relações humanas.


Qual a primeira qualidade que deve ter um amigo? Bem, além das clássicas, como lealdade, fidelidade, discrição sobre as intimidades que ouviu nas horas do aperto, disponibilidade para escutar as histórias, bom humor, e mais o quê? Leveza. Ter um amigo leve é uma benção dos céus.


Não espere dele considerações sobre a vida e a complexidade dos sentimentos humanos, mas ninguém será melhor companhia para jantar, viajar, conviver, do que um amigo leve. Já pensou, passar três dias seguidos com um amigo profundo? Se estiverem tomando banho de mar, ele pode se lembrar do tempo em que era criança, falar da relação que tinha com a mãe e o pai, e daí para cair no divã é um pulo; eles gostam de falar como são tolos os banqueiros e políticos, que só pensam em dinheiro e poder e não compreendem que a vida real etc. etc., quanta profundidade.


Com essa mania, quando estão numa rede em frente à praia, comendo um camarãozinho frito e tomando uma cerveja estupidamente gelada, se esquecem de que nessa hora o bom é não pensar em nada.


É isso que faz um amigo leve; ele não diz nada, apenas usufrui a vida, e quem tiver a sorte de estar perto dele vai ter momentos de grande felicidade - ou pelo menos quase isso.


Com um amigo assim, até a vida fica mais leve.

domingo, maio 29, 2011

Venha sol

Venha, venha sol
curar este inferno astral que inferniza a minha alma....
....

terça-feira, maio 17, 2011

Terreno fértil

Fase estranha essa... me sinto como um terreno fértil, pronto para ser semeado. E sendo semeado aos poucos.

É vida que parece se esparramar por todos os meus poros... uma felicidade boa, sem nenhuma pretensão de ser mais do que ela é ou ter mais do que ela tem.

E, melhor, não há nada de muito especial acontecendo... Só o dia a dia, só o de sempre, só o esperado (Às vezes, muito às vezes, tem um inesperado sim, mas isso é outra história :-).

E talvez seja isso o melhor da vida - o imponderável estar  dentro do nosso cotidiano, sem tropeços, nem grandes expectativas, sem pensar que a vida pode ser melhor do que é.

Simplesmente porque ela é do jeito que tem de ser.

:-)

quinta-feira, maio 05, 2011

Gostos e desgostos

O que eu gosto é do toque
Gosto do cheiro da pele lisa
E do perfume que fica em minhas mãos depois

O que eu gosto é da conversa sem compromisso
Das histórias que se diz e que eu nunca sei
se são exageros ou meias-verdades

Eu gosto é do espanto, do sorriso e do cansaço

Mas há algo também que não gosto
De um certo estranhamento
Um não sei quê sem nome que fica no ar às vezes

Um risco de olhar sem confiança
Uma frase solta, sarcástica
Um suspiro de impaciência

Coisas assim que não sei definir
E que me fazem sair um pouco da linha
Dessa nossa linha imaginária

E ficar meio de lado
Esperando o tempo passar
E tudo, de novo,  se arrumar

;-)