terça-feira, janeiro 04, 2011

Efeitos da chuva

Domingo, 2 de janeiro. Acordo com aquele barulho delicioso de chuva na minha janela. Adoro. Chove quase o dia inteiro pela cidade. Estou de plantão e o ar fresco me anima. Minhas plantas estão mais verdinhas,  lindas. A chuva parece vida mesmo.

Segunda, 3 de janeiro. Acordo e abro a janela. Há um pouco de chuvisco. Não me animo muito. É o primeiro dia útil do ano para o resto do mundo. O meu foi ontem. Estou cansada deste plantão infinito. Do estacionamento onde deixo meu carro até o jornal tenho que abrir o guarda-chuva. Pela calçada, bato em pessoas com ele e elas me olham feio. Desculpe. De repente, onde está meu celular? Não tenho mãos vazias pra procurar na minha bolsa. Bosta de chuva. À noite, me sinto embolorada... Quero que o céu pare de chorar... estou deprimida.

Terça, 4 de janeiro. Estou de folga. Acordo animada pra fazer mil coisas. Lá fora, mais chuva fina persiste. Mas eu não me intimido. Vou no médico e, depois, na casa de minha amiga. Está tudo bem. O almoço e o papo são ótimos. Mas, de repente, o mundo cai lá fora e a luz acaba. Tranquila, Vivi, você está segura aqui. Respire funda e faça de conta que nada acontece lá fora. A chuva dá uma trégua e eu, com a Bia, vou até o mercado. Tenho coisas importantes pra comprar. A chuva aperta de novo. Fila pra entrar. Difícil encontrar uma boa vaga. Será que todo mundo teve a mesma ideia de se refugiar aqui, droga? Aquela água caindo sem parar e essa gente procurando por liquidações me irritam tanto... De repente, toca o celular. Penso: - Ótimo, preciso de uma boa notícia agora. Mas nada.... - Olha, você esqueceu de pagar uma conta, o juro é alto... Porra, já estou puta com este tempo e mais isso! Eu falo: - Chega, Bia, vamos embora. Compramos tudo amanhã - Mãe, vou te dizer uma coisa, você não fica brava, mas ficou  de mau humor. - É, eu sei, é a chuva. Ela já me bastou... Penso: Se ela não parar logo, eu acho que vou enlouquecer.

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domingo, janeiro 02, 2011

Solidão e desejo

São duas pessoas tão diferentes que é difícil imaginar porque se aproximam.

Não têm nem gostos, nem hábitos, nem objetivos em comum. Também não convivem no dia a dia.
Resistem até alguns dias, mas acabam se vendo nem que seja no mais tarde da noite.

Por que motivo?, eu me pergunto.

Quero colocar razão onde, talvez, seja melhor deixar só o coração e o instinto mandar. Mas não tomo jeito, quero entender o que é isso.

Pelo desejo, com certeza, sempre... Corpos que se encaixam tão bem, o que é tão raro de se conseguir nesta cidade infinita. Corpos que se amam com o único compromisso de um dar prazer ao outro. É tudo tão simples assim, sem sair de dentro das quatro paredes.

Mas, ultimamente, também pela solidão, eu percebo. Nenhum deles quer largar seu mundo independente, mas a solidão às vezes é pesada demais... Então, se encontram, nem que seja apenas para falar e falar, e rir e brincar. Ou nem que seja apenas para ficarem quietos, sem nada falar.

Entre quatro paredes, duas pessoas tão diferentes, de repente, são tão iguais pela solidão e pelo desejo.

Vou correr lá e contar para eles que descobri o seu segredo.

:-)