domingo, março 30, 2008
Canção de Ninar
Ela pede quase todo fim de semana que eu não estou de plantão e a ajudo a tomar banho.
A brincadeira é embrulhá-la na toalha e aconchegá-la no colo como eu fazia quando ela era nenê.
Nunca cantei as músicas clássicas de ninar. As achava assustadoras: "boi da cara preta" a "cuca vem pegar", definitivamente, não combinam com meu estilo.
Aí, nem sei bem de onde veio a idéia, mas comecei a cantar Como Uma Onda, de Lulu Santos.
E, acreditem, não tenho nenhum disco ou CD do Lulu Santos, mas esta música me pareceu perfeita pra ninar um bebê. A balançava como o movimento do mar, da onda...
A Bia está cada vez maior. Não consigo mais nem ficar de pé com ela no colo. Mas, mesmo aos 7, ela curte a brincadeira. Fecha os olhos e canta a música de cor. Só hoje eu achei a canção pra ela escutar o original.
Bem, procurando o vídeo da música, achei vários. Acima, uma construída não sei por quem, mas com desenhos infantis. Tem mais a ver com a Bia e este post. Mas encontrei a versão com Caetano (tem até legenda em inglês) e a mesma com o Tim Maia... Fantástico!!!
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Nada de Caixa-Forte
O prédio onde eu morava, na Antonio Bastos, havia sido todo reformado. Reconstruído, eu diria. Virou um prédio cinza, um tipo de caixa-forte de vidros fumê blindados, cercado de seguranças por todos os lados.
Eu não morava lá, mas trabalhava. E, pra variar, estava atrasada, me perdendo pelos caminhos até chegar ao lugar para apresentar um projeto.
Quando cheguei, porém, a caixa-forte tinha sido invadida por ladrões. A porta da frente estava trincada, mas mantinha a sua função: estava lá, ninguém havia passado por ela. Mas o elevador havia sido destruído, algo tinha sido levado.
Ninguém entendia como tinham invadido o prédio, já que a porta da frente estava inteira.
No meio do sonho rolou mais um monte de coisa que não lembro direito.
Mas a sensação que ficou não foi nada boa.
Acordei um tanto triste.
Mas, tudo bem. A vida é isso aí.
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quarta-feira, março 26, 2008
Chão de Giz
Ouvi sem querer duas vezes esta música esta semana. Assim, no rádio, o que é bem incomum...
Daí, vim procurá-la pra colocar aqui.
Deu saudades de uma menina que conheceu essa canção quando mal tinha feito 13.
Uma menina que mesmo sem entender nada do que dizia a letra, se emocionava com a canção.
E deu saudades de uma moça que tentava cantar a música no meio da noite, sentada numa escada ao som do dedilhar de um violão meio rouco. A moça sonhava em ser cantora enquanto enchia a cara de vinho barato.
Vou anexar as duas versões que gosto.
Zé Ramalho e Elba
Só o Zé Ramalho
Escolha a sua.
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Ter amigos dá trabalho
Então, agora, boa noite. Vai pra cama que eu vou te cobrir.
Um beijo.
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E, no dia seguinte
Sabe, mãe, foi fácil falar com o Augusto. Eu cheguei pra ele e perguntei: Augusto, sabe ontem? Você não esqueceu alguma coisa? E ele respondeu: Ah, Bia, desculpa!
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terça-feira, março 18, 2008
Um epitáfio para dois funerais
Eu quis enganar a dor da morte. Quis ser mais dura do que ela, superá-la, mostrar a ela o quanto eu podia ser forte. A desculpa era proteger. Como se com minha proteção aquela perda não atingisse mais ninguém. Não me dei o direito de chorar, não me dei o direito de gritar. Fiquei lá, recatada, correta, admirada. Curtindo a dor nas madrugadas, mas amanhecendo com um sorriso no lábios. A imagem que me vem hoje é de algo despedaçado por um tsunami, mas em pé. É admirável mesmo.
Por que fiz aquilo? Era o melhor, eu achava. Mas não era e teve um preço.
Agora, a dor da morte que enfrento vem e puxa a outra, aquela que tentava ficar lá, escondida no fundo do meu coração. Dores iguais por motivos diferentes.
Preciso fazer dois funerais. Mas só consigo escrever um epitáfio.
"Nunca vou esquecer os teus olhos
Grandes
Negros e
brilhantes
Cílios longos, longos cílios
me fixando, sem
piscar
Me dizendo amor
me dizendo calma
me trazendo paz no meio do
turbilhão
Nunca vou esquecer teu hálito acre
Tua pele macia
Teu corpo contorcido de dorQueria fazer minha a tua dor
Seu brilho,
seu
brilho
Às vezes morro de saudades
Hoje sei que está aqui porque te
chamo
Porque te que quero perto
Você foi luz na minha vida
Na minha casa
No meu caminho
Nasceu de mim
Me atravessou e
partiu
Teu rastro, tua paciência, linha de emoção
que eu persigo
Hoje sei que tenho que te deixar partir"
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Talvez com isto meu coração fique mais leve e eu consiga parar de chorar.
segunda-feira, março 17, 2008
Don't Worry, Be Happy, Angel
domingo, março 09, 2008
Segunda via
Se a mulher é violentada, o comentário é:
"Mas olha a roupa que ela estava? Vestida deste jeito só podia querer isso mesmo!"
Se a garota ou o cara se apaixonam e o caso não dá certo, a verdade mais que certa é:
"Eu te disse que ia quebrar a cara! Não soube escolher! Todo mundo sabia que x não prestava. Era só olhar!"
Se estouram o vidro do seu carro no farol e levam sua bolsa, a bronca é assim:
"Sua bolsa estava no banco, não é? Não sabe que não pode?"
Foi uma chamada assim que eu levei hoje. Foi uma pena, porque o dia estava perfeito.
Passei o dia no zoológico com as meninas. Bia, Mari e Helô, três belezinhas correndo pelas alamedas buscando leões, lobos, macacos, pássaros e tudo o que elas tinham direito. Piquenique debaixo das árvores, lanche caseiro. A Val junto dando uma força. Cinco meninas-mulheres curtindo a liberdade-feminina impossível quando o mau-humor e falta de paciência masculinos estão por perto.
( Cada vez mais me convenço que as mulheres não mais livres sem culpa. E isso vem desde a infância, me parece. )
É difícil manter o sinal de alerta o tempo todo. E nessas, eu, que vivo tensa com medos de roubos e assaltos, relaxei. Deve ter sido entre o macaco-prego e o chimpanzé, depois do sorvete de maracujá com calda de abacaxi. Mas só percebi na lojinha de tranqueiras, na hora de pagar pela girafa de pelúcia. Cadê a minha carteira? Já era! Que raiva! Só não acabou com o meu dia porque, de fato, ainda haveria muito mais neste dia.
No posto policial, o sermão:
"Mas, onde estava a sua carteira?"
"Na bolsinha do lado de fora da mochila", eu respondi, já sabendo o que viria em seguida.
"E de que jeito a senhora estava levando a mochila", ele me olhou, com um ar de reprovação.
"Nas costas, eu sei, não podia, mas me distrai."
"Mas, minha senhora, no zoológico, inda mais num dia como hoje, tinha que tomar mais cuidado."
É, eu sei, eu sei. Em dias como os de hoje, a gente vive tendo que tomar cuidado com tudo, para não ser roubado, para não ofender, para não se machucar e não se decepcionar com quem a gente confia e acredita. Mas, acontece, que é bom relaxar e esquecer um pouco que estamos nos dias de hoje.
Dá pra tentar viver um pouco sem medo?? Ser feliz é tão errado assim?
Bem, é certo que no zôo ninguém me ajudou. Se quisesse, ia fazer um BO num DP lotado da região. Ou pela internet, que é o que eu acabei de fazer.
Amanhã, vou atrás da segunda via do documento.
Pena que nesta vida não exista segunda via de coração.
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sexta-feira, março 07, 2008
terça-feira, março 04, 2008
Primeiro dos 10 chamamentos
"Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento"Como eu invejo os
grandes poetas....