terça-feira, dezembro 01, 2009

Mudanças e mais mudanças

Eu sei da velha crença de que quando as mudanças vêm, chegam todas juntas. Eu até estava preparada para elas, as mudanças. Mudei de casa e achei curioso quando mudei de patrão. Mas, agora, mudar também de horário foi bem inesperado.
É isso: voltei a madrugar, a acordar, às 5h, para estar no jornal às 7h. E, pelo menos nestes dois primeiros dias, não achei tão ruim. As manhãs estão quentes e as tardes têm brisa. Chego em casa cedo e ainda brinco com a Bia.
A vida é isso... cheia de boas surpresas... gostar disso - de acordar cedo - foi inusitado para mim.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Só com lençóis novos

Respirei fundo e subi o lance de escadas, puxando a minha mala gigante e superpesada. Estava cansada. Havia trabalhado o dia inteiro. Mas estava animada, acesa.
Era a madrugada de 10 de novembro, 1h da manhã e, pela primeira vez, dormiria no meu apartamento. E sozinha.
Abri a porta, acendi as luzes, entrei e agradeci à vida, a Deus, a mim. "Consegui", pensei. "Enfim, estou aqui. É meu espaço. Depois de tanto tentar, tantas dúvidas, tanto empenho, estou aqui. Feliz e sozinha."
Fiz questão de sentir o silêncio do ambiente. Tirei os sapatos, e deixei o frio do piso subir pelas minhas veias, atiçar os meus músculos. Andei devagar pelos cômodos, acendi todas as luzes, deixei o brilho das lâmpadas fluorescentes alegrarem ainda mais a minha alma.
Meu coração estava calmo, nada de palpitações exageradas. "Estranho", pensei. Deveria estar excitada? Acho que não.
Fui à geladeira, peguei um pouco de chá de caixinha, aqueci no micro-ondas. Abri um pacote de bolachas de água e sal. Seria o meu jantar. Um grande ceia. Mas bastou. Não estava com fome.
Depois, tirei a roupa para dormir no jogo novo de lençóis, branco com flores rosas. Demorei um dia a mais para mudar exatamente por causa dele, do jogo novo de lençóis. Para mim, era impossível passar a primeira noite lá com lençóis velhos, desgastados por uma antiga história. A primeira noite não, teriam que ser novos. Então, naquela manhã, tinha ido à loja correndo, só para escolher um novo. E eles estavam lá, na cama arrumada e perfumada, me convidando para a primeira noite de sono.
Ao deitar, um reflexo comum - me apertei no canto direito... Então, me repreendi: "Para com isso, a cama é toda sua!". Respirei o cheiro do tecido novo, engomado, e me arrastei para o meio, entre os desenhos de rosas. Lá, no centro da minha cama, dormi, profundamente e em paz.
E foi assim que começou a segunda metade da minha vida.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Os ciclos da minha vida

Pela primeira vez na vida assinei um aviso prévio. Está certo que é uma situação diferenciada. Não fui demitida. A empresa foi vendida e todos os funcionários assinaram a carta de demissão, com a promessa que seremos recontratados imediatamente pela nova firma que comprou o jornal. É bem mais tranquilizador do que uma demissão sumária.
Mas essa mudança toda na empresa me fez refletir ainda mais nos ciclos da vida. Gosto muito de observar que vivemos nestes ciclos, que há histórias e situações que de tempos em tempos se repetem. Me explico:
Há 15 anos, na Primavera, eu entrei nesta empresa. No mesmo dia, eu sai da casa dos meus pais e fui morar com meu namorado. Demoramos muito para falar que estávamos casados, mas, na prática, era isso: havíamos casado, sem assinar papéis, sem festa, vestido branco ou champanhe.
Agora, de novo na Primavera, quando eu me preparo para mudar de novo de casa e também mudar o meu estado civil, voltar a ser solteira, a vida me surpreende com uma mudança no jornal. Vou trocar de chefe, começar a trabalhar numa outra empresa, mas com a diferença de que não sairei na minha baia.
É coincidência? Eu acho que não. São os mesmos tipos de mudanças, na mesma época, com a mesma importância.
Para mim, são os ciclos da minha vida, mais do que se repetindo, se renovando.
Meu desafio é melhorar a cada ciclo, fazer melhor cada etapa.
E eu acho, tenho certeza, estou conseguindo.
;-)

quinta-feira, outubro 29, 2009

Thank You

Foi a primeira música que escutei na mannhã dublada de hoje. Thank You
Achei que foi um presente da vida. Sorri sozinha.
Entrei no carro, liguei o rádio e lá estava ela, dizendo nos seus acordes "seja feliz", ou fique bem, mesmo com problemas. Sempre tem algo ou alguém para lembrar e te deixar bem.
A letra da música diz bem isso... o dia pode estar cinza, o chá esfria, a cabeça dói, mas eu só quero agradecer por você existir. E me dar um ótimo dia.
Essa música tem o dom de transformar o meu estado de espírito. Não é a primeira vez que isso ocorre. Ela me eleva.

E agradecer à vida por isso é só uma obrigação.
Então, I want do thank you....

:-)

segunda-feira, outubro 26, 2009

Fazendo as malas

Uma a uma, ela vai colocando as minhas coisas na mala.
Ela gosta desta tarefa... arrumar as malas da mãe.
Ela enrola as camisetas para mais peças se encaixarem na mala.
Me avisa que os cintos não ficam enroladinhos e que ocupam muito espaço.
Conta que colocorá as meias nas bolsas laterais.
São tantas coisas que duas malas não dão.
Teremos que levar em mais de uma etapa.
Por enquanto, deixo as coisas do cabine em outro armário.
Por enquanto, os sapatos vão ficar em sacolas e as blusas de lã em caixas.
No ap, casa nova, o espaço para as minhas roupas ainda não está pronto.
Mas, na casa velha, elas já precisam deixar o espaço aberto para quem é de direito.
A fase negra já passou, eu penso. E como essa sensação é boa.
Eu vou embora daqui a pouco com a consciência leve.
Há um ano isso parecia impossível, inatingivel.
Mas agora está tão próximo, uma questão de dias, horas.
E o que levo comigo é como uma sensação do dever cumprido.
Até a tristeza que poderia surgir em meu coração por causa da tristeza alheia não consegue se instalar.
Eu estou realmente feliz. E satisfeita com o desfecho de tudo isso.
Hoje, no ap, eu quis que ele também se sentisse feliz.
Vai tudo ficar bem, você vai ver, eu disse... nós somos irmãos.
E ele falou em estar conformado, tudo bem...
Achei boa a resposta, que reforça ainda mais a minha certeza e libera ainda mais a minha trilha.
É porque acredito que quem ama não se conforma.
;-)

terça-feira, outubro 20, 2009

Falando a mesma língua

- Mãe, eu quero saber uma coisa.
- Fala, Bia.
- Você e o meu pai não namoram mais, vão se separar, morar em casas diferentes, certo?
- Certo.
- Então, por que, quando são sobre as minhas coisas, vocês dois têm sempre que concordar com tudo?
.........rs, rs, rs......

sexta-feira, outubro 02, 2009

Tá combinado

Vou fazer uma festa de aniversário de 50 anos no Rio, durante a Olimpíadas 2016...
Sete anos dá bem pra organizar um festão..he, he.

terça-feira, setembro 29, 2009

Louca semana

Minha semana passada terminou só ontem. Foi uma semana que começou triste, eu cansada. Depois, duas pessoas queridas doentes, à beira da morte, um desmaio, uma explosão, duas viagens bate e volta. Fazendo as contas, publiquei quatro fotos em uma única edição, rodei dois mil quilômetros em menos de três dias, chorei alguns baldes, trabalhei mais do que o normal, me emocionei muito, mas o saldo foi positivo. Deixo aqui registrado o final desta semana tão louca. A entrevista na  Ana Maria Braga, ontem de manhã.
Um "Eu me amo" de vez em quando não faz mal a ninguém.
:-)

sexta-feira, setembro 25, 2009

O dia que o meu bairro explodiu


Foi com o coração na mão que eu cheguei ontem na Rua Américo Guazzelli, exatos três minutos depois da explosão da loja de fogos que levou meio quarteirão aos ares. O estrondo aconteceu na hora que eu  passava de carro pela Uruguaiana, meu caminho diário para o jornal. O som do rádio estava alto e, mais do ouvir o barulho, eu senti um trepidar estranho no carro.
Mas, o que mais me chamou atenção no momento, e que me fez imaginar que aquilo não era fruto da minha imaginação, eram os semblantes das pessoas saindo de suas casas para também ver o que havia acontecido. A expressão era de assombro. Todos olhavam para o céu e várias pessoas começaram a correr em direção à torre de fumaça que se via no céu. Eu nunca tinha visto rostos tão assustados. Era um pânico coletivo.
Eu, na minha curiosidade jornalística, dei meia volta no carro e também fui procurar de onde vinha a fumaça. Abri o vidro e o ar era puro cheiro de pólvora. Alcancei a Firestone e parei na esquina da rua da loja. Alguns policiais já estava lá, tentando evitar que as pessoas se aproximassem. A via estava coberta por uma nuvem de fuligem. O asfalto parecia terra. No fundo, a uns 50 metros, a loja ainda pegava fogo e tinha explosões. Uma Fiorino atravessada da rua estava destruída. Outros carros estacionados também haviam sido atingidos. Os fios de alta tensão estouravam. E eu, que sempre relato tragédias, comecei a tremer.
É que o jornalista geralmente chega o local do acidente com a situação um pouco controlada. Autoridades já isolaram a área e os colegas estão junto. Mas ali, tudo ainda era caos e espanto. Nada estava organizado.  As pessoas, vizinhos, ainda não conseguiam falar. Liguei e pedi ajuda para o jornal. Aquilo era grande demais para um só jornalista. Também liguei para casa e pedi pra o Mauro me levar a máquinas fotográfica. Eu, ali, só podia fazer o meu trabalho.
Vi as primeiras pessoas a serem socorridas. Uma mulher corria desesperada, com pernas e braços sangrando, falando que o filho jovem e o irmão deficiente estavam dentro da segunda casa após a loja. Os policiais foram até o local e retiraram os dois, que só estavam assustados, mas não se feriram. Um de pijama e o outro enrolado em um lençol. A mulher continuou por lá, andando de um lado para outro, completamente desnorteada. Dos paramédicos, ela só queria água. Conversei com ela. Se preparava para tomar banho quando ouviu o barulho. Saiu para ver o que era e foi jogada no chão da calçada.
Em seguida, os policiais trouxeram um casal de idosos, também em choque. O Samu os levou para o hospital. Depois, eu descobri que os dois moram lá há uns 60 anos, criaram seus filhos no local. Uma neta deles, que chegou desesperada buscando notícias, me contou. Tentei acalmá-la, dizendo que tinha visto velhinhos sendo resgatados. E mostrei as fotos para ela, que os reconheceu e me agradeceu, aliviada. Me senti reconfortada. Tinha tranquilizado uma família, pelo menos. Geralmente o jornalista é visto como aquele que quer ver a tragédia. É bom conseguir ajudar alguém nessas situações. Tinha conseguido pelo menos ajudar alguém.
As demais equipes de reportagem só chegaram ao local mais de meia hora depois. Não sei direito o tempo, Lá, tudo parecia demorar muito. Mas, de fato, tudo foi muito rápido. Eu sai de lá às duas da tarde, deixando duas equipes minhas e mais duas a caminho de Santo André. Para o jornal, tinha um ótimo material. Fotos e histórias exclusivas. Para minha vida pessoal, mais um experiência. E mais um pouco para agradecer. Afinal, tive sorte. Por minutos não estava a uma quadra do local, no farol onde várias carros bateram. Por sorte, não tinha feito o caminho que passa na frente da loja, como às vezes faço.
Mesmo satisfeita, fica aqui no peito um pesar, uma tristeza. Afinal, é uma tragédia sem precedentes para nós, daqui da região. Acho que todos acabamos atingidos. Cada um de nós tem uma história daquele canto do bairro, uma memória. São vidas destruídas. Mesmo que a gente não conheça as pessoas pessoalmente. Ali ficará sempre marcado como um lugar de muita dor. Abaixo, os corpos das duas vítimas fatais.


terça-feira, setembro 22, 2009

Vertigem

O zunido tomou conta da minha cabeça e eu sabia o que viria depois. Enquanto a senhora falava sem parar do outro lado da linha, aos poucos, suas palavras iam se perdendo para mim. Eu não queria mais ouvir.

- Então, Vivi, ele ficou parado na porta, sem reagir. Depois, foi para cama e começou a tremer. Teve uma hora que achamos que estivesse morto e...

Eu a cortei para não dar na vista e menti:

- Olha, vou ter que desligar. A Bia está me chamando.

Desliguei o fone e chamei a Val. Depois, não lembro de mais nada.

Só sei que acordei no sofá, melada de um suor frio, escutando a minha própria respiração pesada. Mais parecia que tinha saído de uma piscina gelada.

- Você desmaiou - me disse uma Val assustada, branca como uma folha de papel - Eu te coloquei no sofá.

- É, acho que foi a notícia, a insônia, o levantar rápido, o remédio, a falta de café... Tudo isso junto e mais um pouco.

Fiquei o resto da manhã assim, pensando naquela vertigem. Que foi preocupante, mas que foi boa. Como foi boa aquela sensação de sono profundo, que nem sei quanto tempo durou! É que, quando eu voltei, não tinha a intenção. Só sei que não queria acordar. E voltei sem me esforçar, sem ouvir nenhum chamado, como se minha alma fosse tomando conta de cada parte do meu corpo bem devagar, encaixando parte por parte. Foi uma viagem rápida, e assustadoramente feliz.

;-)

Conversa de piscina

Faça tudo sem pressa. A gente tem tempo. A gente só não sabe que tem tempo, mas sempre tem tempo.
Ana Lúcia

Caixas de papelão

Acho que eu ainda terei uma etapa bem difícil para cumprir. A da mudança de fato.
Empacotar as minhas coisas, colocar no carro e dizer tchau.
A Del outro dia me disse: "Éh, a parte de separar os CDs é bem chata mesmo."
Queria pular esta etapa, até por causa do esforço físico disso, mas sei que não vai dar.

O problema é que eu não estou habituada a mudanças. Minha vida sempre foi muito estável. Vinte anos num ap com meus pais, 15 anos de emprego, 15 anos na mesma casa. No trabalho, nunca me interessei em procurar outras áreas para cobrir. Lá, quando as mudanças veem, elas me alcançam.
Não que eu tenha medo de mudar. É que não penso nisso como uma necessidade. Não me incomoda estar anos "no mesmo lugar", porque eu nunca me sinto parada, paralisada, "perdendo tempo". O lugar mudou tanto neste tempo todo....

Voltando aos CDs, não sei porque a gente coleciona tanta coisa ao longo da vida. Dá vontade de deixar tudo pra trás, comprar tudo novo. Pena que isso é impossível.
Então, por conta do impossível, domingo eu comecei a organizar algumas coisas que vão comigo. O mais legal é que a Bia está bem mais empenhada em separar as coisas dela. Ela vibra quando eu falo em arrumar a mudança. Então, eu comecei a ajudando com os brinquedos e os livros. Foi divertido pegar os jogos e deixar de lado as Pollys. Ela, sozinha, pegou uma caixa e colocou os gibis que vai levar. Alguns brinquedos ela separou em kits para doação. Fiquei orgulhosa.
Quanto às minhas próprias coisas, volto a pensar... tudo já está bem separado na minha cabeça. Queria ser a Jeanne e com um piscar de olhos transferir todas as tralhas de cá para lá. Mas, como não dá, vou buscar esta semana no fundo da minha alma a disposição para colocar tudo em caixas de papelão.
:-)

quarta-feira, setembro 16, 2009

Parir outra vez

É, eu já senti isso antes.

É a mesma sensação de quando se está grávida, prestes a parir.
A gente faz tudo certinho na gravidez, todos os exames e testes, até conta os dedinhos do bebê no ultrasson para não ter surpresas, checa 15 vezes aquela lista de itens indispensáveis que são publicadas em revistas (e só depois descobre que metade é inútil), está com a mala pronta com as roupinhas RN lavadas, passadas e desinfectadas, ao lado da sua cama, pronta para sair correndo assim que o bichinho der o primeiro sinal que quer sair da sua barriga. Ou seja, está tudo ok, não há motivos para se afobar, só tem que esperar a hora certa...

...mas é impossível saber como será o parto e a vida depois dele. Só se sabe que, com aquela vida reinando, a nossa própria vida vai mudar completamente. Eu sempre tive a certeza que seria mais feliz. Porque aquilo - dar à luz - era o que eu mais desejava até aquele momento.

É mais ou menos assim que estou me sentindo. É como se eu fosse parir de novo.
Só que agora eu estou parindo a minha nova vida. A vida que eu escolhi conscientemente. Mudar para o meu lugar. E tenho certeza que serei feliz também porque é tudo o mais quis nos últimos tempos. E a preparação dessa mudança tem me dado vida, como minhas filhas me deram. É a vida, sempre nos pedindo mais.

E está tudo certo, a arrumação do ap está no ritmo que dá pra ser, eu não posso fazer nada mais para agilizar, não estou sendo pressionada para mudar, ninguém, até agora, me deu um calote que pudesse atrasar os meu planos, o dinheiro é curto, mas eu vou levando.... Ou seja, nada para eu me apreender.

... mas... o coração está apertado, tá doendo uma dor ardida no meio do peito e, como toda boa gestante, eu tenho chorado mais, e não é de tristeza. São só minhas emoções à flor da pele. Como também a minha capacidade de trabalho amplificada, como toda buchuda que trabalha como louca e acha aquilo normal.

Não é medo, não é apreensão. Não gosto da palavra ansiedade, é negativa. Pode haver uma boa ansiedade?
Vou me conformar achando que é mais expectativa pelo que virá e eu não posso planejar ou nem ao mesmo imaginar como será.
É o inesperado, ou o imponderável... E eu não vejo a hora que eles me alcancem...

segunda-feira, setembro 14, 2009

Quando o silêncio diz tudo

Muita coisa se resolve com o silêncio. Nós, na nossa ansiedade moderna, temos a impressão que tudo tem que ser dito, escrito, mostrado. Mas a vida não é assim. Não falar às vezes é a melhor saída.
Assisti "O silêncio do mar", um filme francês de 2004. É novembro de 1941. E Jeanne é uma jovem órfã que vive só com o avô. Período de guerra, a França dominada pelos nazistas, ela e o avô são obrigados a hospedar um oficial alemão.
A maior parte da história transcorre sem troca de palavras entre estes dois personagens principais, o oficial e a moça. Ela, principalmente, não diz nada a ele. Mas a troca de emoções entre eles diz tudo.
O difícil, hoje, é traduzir isso no Outro. Acho que preciso aprender muito ainda. Uma vez me disseram que eu sabia entender as situações sem que me fossem dadas, necessariamente, muitas explicações. Não tenho certeza disso. Taí uma coisa que preciso aprender. A ler - e realmente entender - mais o silêncio do Outro.

PS - O filme tem como tema de fundo o Prelúdio de Bach. É lindo, não é?
:-)

terça-feira, setembro 08, 2009

Pós plantão

Depois de um feriado de sol
Acordo com essa tormenta
No meu quintal

:-)

sábado, setembro 05, 2009

O tempo resolve tudo

É a mais pura verdade isso, que mais parece lugar-comum. Há exatos 10 anos eu estava chorando muito. Não quero falar aqui de tristeza, porque este não é o meu estado de espírito atual, mas é que as datas que nos marcam nem sempre são felizes e não vejo nada de errado em valorizar também o que nos doeu. Porque, ao superar a dor e aprender com ela, a gente fica tão mais forte e feliz. É só não se deixar amargurar.
Heloísa se foi em 4 de setembro de 1999. Era um sábado e, como hoje, eu também estava de plantão neste jornal. Vim trabalhar porque era muito comum a Helô ter crises como as que ela estava tendo naquele início de feriadão. E eu tinha a babá e o pai para cuidarem dela. Quando o Mauro me ligou no jornal no fim da tarde eu sabia que era algo muito grave. Mas essa história eu já contei aqui.
O que quero hoje é falar do tempo. E, acho, agradecer a ele. Não porque ele me faz esquecer. Isso ele não consegue. Nada do que é realmente importante se apaga da minha memória. Mas porque ele tem me feito entender o porquê das coisas. E leva também pra longe as minhas dores.
Hoje, 10 anos depois, eu só posso agradecer por ter tido o privilégio de conviver por pouco mais de dois anos com a Helô. E, sempre que preciso de um pouco de luz, é nela em que eu me inspiro.
Afinal, Heloísa significa "aquela que traz a luz".



.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Uivando numa nova alcatéia

Hoje me deu muita saudade. Dupla saudade. Vindo trabalhar, escutei Jesus Numa Moto, e lembrei automaticamente do Zé Rodrix -  lógico - mas também do "bandido" do Paulo Bravos. Lembrei dos dois num Carnaval, no Camarote do Diário. O Paulo tirou uma foto minha com o Zé e - puuuto - nunca me entregou. Acho que tava tão bêbado que perdeu o filme.
Bem, isso pode parecer um pouco triste,  já que os dois já se foram pro andar de cima, mas não. É muito mais uma homenagem atrasada bem pra cima a duas figuras queridas, que adoravam viver e transbordavam talento, opinião, força de vontade e inteligência. E essa música tem a cara deles, que agora estão "uivando numa nova alcatéia", em algum lugar do universo. É uma poesia que empurra a gente pra frente.
Olha só um trechinho da letra:
"Nada no passado
Tudo no futuro
Espalhando o que já está morto
Pro que é vivo crescer"
E é esse o espírito dos dois. Avante e afrente!!!

terça-feira, setembro 01, 2009

Baby

Tenho prestado muita atenção às letras das músicas. E fico impressionada como que algumas poesias parecem ter sido escritas para descrever uma situação que estou vivendo, ou já vivi. Ou querem dizer o que eu quero dizer. Isso me convence que as pessoas, por mais que tentem disfarçar, superar, parecer diferentes, são muito parecidas nos seus problemas, expectativas, sonhos... Hoje eu escutei Baby, do Caetano. E ela traduz o meu estado de espírito atual.
Vamos lá, fazer coisas simples, mas com paixão e leveza: "Você precisa saber da margarina, da gasolina, da carolina... Ouvir aquela canção do Roberto. Baby, há quanto tempo!!!"

:-)

domingo, agosto 30, 2009

Abraço de costas

É,  parece que o frio está acabando. Eu vou festejar o calor, o sol, mas vou sentir muita falta de me aquecer dormindo abraçada com a Bia e com a Cléo aos meus pés. As duas são "safadas", como toda criança deve ser.
A Bia me pede para "abraçá-la pelas costas" na hora que deitamos. E adormece com um sorrizinho tão feliz que dá gosto. Só dorme depois que eu leio páginas e páginas para ela, geralmente de gibis da Mônica. Quando eu chego tarde ela dorme com o pai. Mas, pela manhãzinha, se mete para dentro do meu cobertor, toda dona do pedaço. Então, eu peço: "Agora é a sua vez de me abraçar de costas". E, com aqueles bracinhos envolvendo o meu pescoço, eu me sinto no céu até acordar de vez. Mas no calor, dormir abraçada com ela é muito, muito quente. Ela parece uma brasinha incandescente. Então, acabamos cada uma num canto da cama. Na casa nova, acho que vai ser mais fácil. Ela está toda animada com o quarto novo e acho que, enfim, vai dormir sozinha.
A Cléo é mais "ordinária". Durante a noite, ela escolhe qual é a cama mais quente. E fica indo de uma para outra até se decidir. Na minha, sempre escolhe ficar antes de eu e a Bia nos ajeitarmos. É que quer ficar no meio da gente, perto do meu peito. Mas eu a empurro para os meus pés. É impressionante como ela consegue se meter embaixo das cobertas, fazendo de ninho o espaço entre as batatas das minha pernas e as minhas coxas, me encostando o seu focinho frio.
Com o calor, eu a expulso do meu quarto. Não aguento o seu calor. Ela nos atormenta, arranhando a porta da área de serviço, e só sossega quando pensa (se é que cachorro pensa) que estamos todos dormindo.
Eu vou sentir falta da Cléo. Ela vai ficar na casa. Será só visita no ap. A Bia já quer outro cachorro, mas eu estou resistindo à ideia. Aí, vem o pedido de ter um gato, mas eu também não digo nem sim, nem não. Vamos ver...

sexta-feira, agosto 14, 2009

A aventura começou. De fato

Eu sei que a reflexão não é nova, mas é que é muito legal pensar no significado dos papéis que ganhamos e assinamos ao longo das nossas vidas. Vou citar só alguns mais manjados.
O primeiro é certidão de nascimento, papel que estabelece que nós existimos. Sem ela, não há nem como ser reconhecido neste mundo, ter direitos, tomar vacina, ir pra escola, etc e tal.
Depois, vem lá o RG, um número de registro geral. Me sinto como um móvel de uma empresa que ganha uma chapinha para ficar marcado como um "patrimônio". Sem o RG não temos identidade.
Antigamente, a carteira de trabalho era o must. Para muitos, a prova de que o cidadão era trabalhador e gente de bem. Hoje, na economia mais informal, onde os marreteiros e os "pe-jotas" viraram moda, ela está meio em baixa, mas há quem ainda a considere, desde que assinada, um símbolo de retidão e vida acertada.
Tem também quem ache o máximo a certidão de casamento. Um símbolo de amor e compromisso, alguns ainda acreditam. Mas, para este papel eu nunca dei a menor a bola. Sempre o considerei uma formalidade dispensável quando duas pessoas que se gostam querem se unir. Para mim, a certidão de casamento sempre cheirou mais a contrato de sociedade. E, até hoje, não sei porque eu assinei a minha. Penso que foi um momento, fazia parte daquela fase da vida, e achei que ela era uma garantia para as crianças. Mas, acima de tudo, era um ato de carinho, porque eu percebia que assinar era importante para o meu parceiro. O faria feliz.
Hoje, exatamente hoje, eu assinei um outro papel com o meu coração dando saltos de felicidade. Sinto muito, Mauro, mas muito mais do que no dia do nosso casamento no cartório.
Me senti uma criança ao ganhar o presente que pediu para o Papai Noel. Hoje, assinei o contrato de compra do meu ap, talvez o primeiro e único nesta vida.
Colocar lá meu nome foi como carimbar o passaporte para uma viagem a um lugar desconhecido. É como ter iniciado uma daquelas deliciosas aventuras que a gente planeja e planeja, mas que acabam cheias de imprevistos, e, mesmo assim, a gente nunca se arrepende de tê-las realizado.
O papel de hoje também significa uma dívida de décadas e um aperto ainda incerto no orçamento, mas são "pedras" nas quais eu vou pisar com satisfação, sem chororô.
É isso!
Hoje, eu, com orgulho, virei um bobalhona feliz, porque proprietária da minha própria casa!
;-)

quarta-feira, agosto 12, 2009

FINZINHO DE FÉRIAS

Que férias é descanso todo mundo sabe. Mas férias deveria ser também, oportunidade de aprendizado. Não só com as viagens e lugares e pessoas novas que a gente, normalmente, conhece no período de folga. Mas também a dar valor a coisas da vida que, durante o dia a dia difícil que quase todos temos, a gente passa batido, não presta atenção.
Eu, de minha parte, tento aproveitar ao máximo essa oportunidade, já que semana que vem volto ao batente. Passo tardes com minha filha - também de férias por causa da gripe suína - brincado sem a minha costumeira pressa do dia comum, faço com ela caminhadas pelo bairro sem o passo apressado, dou minhas braçadas na piscina do clube sem compromisso com o relógio.
No fundo, queria incorporar esses pequenos atos - que neste momento me parecem tão revolucionários - como hábitos. Acho que nos deixamos envolver demais com o corre-corre do cotidiano e esquecemos de parar para olhar ao redor. Espero que nestas férias tenha conseguido aprender isso. E espero também nunca mais esquecer de curtir o que é simples e está mais ao alcance da minha mão.

quarta-feira, agosto 05, 2009

O mergulho

E eu, de novo, volto a me reconciliar com a água. E com o que eu sinto.

Espero ter aprendido. Espero, nunca mais, desistir deles, abandoná-los, deixá-los para depois, para outra hora, outro tempo....

Quando estou na água, tudo na minha vida melhora... a dor, o humor, a razão, a capacidade de criação...

Penso na água como penso no amor porque ambos são mergulho.

Não falo do amor só por um outro, um objeto, um objetivo, algo a perseguir mas que acaba, ou que se vai.

Falo do amor pelo todo, pela vida, a minha vida, aquela que, enfim, escolhi. Agora eu escolhi, conscientemente.

Assim como a água, o amor eu não consigo prender nas mãos... Se insisto, ele me escapa pelos dedos, e se espalha pelo chão, seca, desaparece...

Mas em ambos eu posso ficar submersa... e deixá-los entrar pelos meus poros, me embalar, me amansar... Ambos passam a fazer parte de mim. Eu quero ficar submersa.

A água pode ser morna, ou mesmo fria... ela me envolve no seu silêncio, e me acalma... Ela é como um outro corpo morno, ou mesmo frio, que me abraça e me deixa ver, através de sua pele translúcida, o seu coração...

Coloco o rosto para fora d'água e lembro: ela também reflete uma realidade distorcida, eu sei, eu vejo agora.

Mas, eu reflito, a distorção está principalmente na sua superfície turbulenta. É superficial. Não é importante. E a minha razão percebe a diferença entre a vida real e a imagem distorcida no meio do turbilhão. Eu só preciso respirar com paciência e esperar passar.

E espero a água se acalmar até voltar os meus olhos para o meu próprio corpo, mergulhado nela.

É... através do amor/água clara e transparente eu me vejo como eu sou.

;-)

sábado, agosto 01, 2009

Os porquês e os oquês da Bia

Mãe, por que não tem dourado e nem prateado no arco-íris?
Por que a Terra é redonda e não quadrada?
Por que a gente é cheio de dobrinha?
Por que os gatinhos quando nascem não abrem os olhos?
O que é "aquela conversa" que sempre falam na TV?
Por que nos restaurantes os garçons são sérios?
O que tem a ver a gripe suína com a minha aula?
O que é paladar?
Por que a gente sente frio?
Por que tem gente que precisa usar óculos?
Por que tem gente gorda?
Por que criança não pode dirigir?
:-)
;-(
(:-o
s(:-(
.

domingo, julho 05, 2009

Uma possível explicação

Tem vezes que minha saudade é tão grande que eu chego a duvidar que ela é só minha...

Fico pensando que o que sinto também é a atração do seu sentir, das suas saudades, do seu pensamento que também não me larga... Como almas que se sincronizam, transmitem suas energias e sensações.

Só isso me parece explicar esse frio bom na barriga, a sua imagem insistente na minha cabeça, o meu coração batendo descompassado de novo sem nenhum motivo racional, a minha pele sentindo o seu toque depois de tanto tempo.

É... essa pode ser uma possível explicação...
Mas o bom mesmo, eu sei, é nem pensar nisso.

:-)

quarta-feira, junho 24, 2009

Bobagens Femininas 1

Começo aqui o que pode ser o início de uma série. A série das bobagens que toda mulher fica feliz em fazer, que se sente o máximo e superpoderosa consigo mesma, sem que ninguém precise elogiar. São aquelas coisas bestas que os homens, principalnete os machões, ficam olhando com cara cínica e pensando: "ela não vai conseguir". E a gente vai lá e consegue. Eles nem precisam saber. A satisfação é puramente pessoal. E basta.

Estacionar de Ré
Modéstia à parte, sou uma ótima motorista. Dirijo 50 quilômetros por dia, todos os dias, e adoro pisar bem. Mas meu calcanhar de Aquiles sempre foram as manobras. Acho que a origem do trauma está lá nos meus 19 anos, quando eu fui tirar a carta: quase levo pau por causa da baliza. O carro não ficou paralelo à calçada, como seria o natural. Ficou a 90 graus, he, he. Mas, no final, deu tudo certo. A carta está aí, há mais de 20 anos, sem nada muito grave que a macule.
Então, nestes dias que quero bombar minha autoestima, nada melhor do que estacionar na garagem de ré. É o máximo. Juro, fico superfeliz com a minha capacidade de manobrar. É mesmo uma grande bobagem, mas saio do carro rindo sozinha e até assobiando.

Quem tiver sugestões de outras Bobagens Femininas é só falar que eu publico.
beijos a todos
:-)

segunda-feira, junho 22, 2009

Sábio conselho

É, parece que agora você se deu conta que não há muito a fazer a não ser seguir o fluxo, no tempo dele. Enquanto os carros param, você poderia fazer o mesmo. Existe sabedoria também em esperar, não pensar, não planejar. Há algo acontecendo com você quando não acontece nada, mas é preciso ficar em silêncio para saber o que é. Contemple a paciência que separa a lagarta da borboleta, a semente do fruto, a noite do dia.

:-)


domingo, junho 21, 2009

O meu rumo

Esse fim de semana foi tão bom, tão cheio de coisas novas para mim, mas ao mesmo tempo verdades antigas, com as quais aprendi mais um pouco sobre essa arte de viver leve. E queria escrever e escrever sobre tudo isso - festa junina, rezas, terços, crianças correndo, idosos sorrindo, amigos novos, muitos amigos, tatuagem cor vermelha, vermelha na flor, no coração...
Mas, aí, me deparei com isso. E isso me diz tanto, mesmo não sendo a minha história exata, nem o final que eu almejo, mas é a história de tanta gente que está por aí. E é isso que me move - saber que eu não sou única, sozinha, que há histórias por aí que terminam bem e outras nem tanto, mas são histórias que eu quero saber e contar. E que a minha é boa, muito boa, porque mesmo com dor, tem me feito aprender, e a melhorar com ela.
Eu não rejeito a dor, mas não quero viver com ela. Creio que ela é parte, mas não é fim.
Acredito na vida, no que ela tenta nos mostrar e ensinar. Acredito nos seus sinais.
A fase agora é de abertura, o coração amplo, aberto, maior do que o corpo, até um pouco sem proteção...
Voltei a amar a vida como ela merece ser amada, a querer a vida com a minha liberdade, com as minhas coisas poucas e simples, as minhas dúvidas e sonhos e até choros.
É uma fase boa, que espero que se estenda. Na verdade, sei que tenho de aprender a preservá-la. E deixar a fase negra para traz, já que passou. Mas sem abandonar quem esteve comigo aí atrás, e me ajudou a ver o meu caminho. Quero trazer todos comigo. Não sei se consido. Nem todos me enxergam e me entendem. É mais fácil me acharem louca.
Hoje disse para uma amiga que encontrei o meu rumo. E é isso - o rumo. Aquele que, às vezes, por distração, ou medo, ou comodismo, ou mesmo por necessidade, a gente sai dele. Acho que estava fora do meu por necessidade.
Mas que, quando nele, não há dúvida, nem medo, nem solidão, nem rancor que nos demova.
:-)

quinta-feira, junho 18, 2009

Sou um ser noturno

Eu me esforço, mas, definitivamente, não funciono direito pela manhã.

;-0

domingo, junho 14, 2009

Festa de aniversário

Ganhei pouquíssimos presentes de aniversário este ano, mas o que ganhei valeu como ouro.
São 43 anos bem vividos, a maior parte deles muito felizes.

Pela ordem:
Um jogo de jantar do ex-marido, muito amigo, pra eu levar pra casa nova.
Um cartão feito à mão em formato de coração, da Bia.
Um cachecol da cunhada, que parece mais o pelo de um coelho.
Uma mensagem de voz de longe, do Zé viajando, que adorei.
Um girassol brilhante, da nova Dani, a Costa.
Dezenas de mensagens no orkut e pelo celular, de amigos novos e velhos, distantes e próximos. (Dos distantes, ajudou muito para apertar a saudades)
Alguns telefonemas da família, pai, mãe, irmão e tias.
Dezenas de abraços e beijos de parabéns.
Um jantar maravilhoso da Ana (bacalhau com grão de bico).
Algumas amigas novas e velhas amigas se aproximando.
Mas, o mais gostoso de todos foi, sem dúvida o bolo de chocolate da Dani, minha amiga mais doce e filha do coração. Quem não comeu, já era. Só no ano que vem agora. Mas pode dar uma olhadinha aqui, só pra ficar com água na boca.

:)

quinta-feira, junho 11, 2009

ANO DOIS

Diz a numerologia que eu entro amanhã no meu Ano 2. Então, só para deixar registrado, lá vai o que dizem os números.

O ano passado foi caracterizado por muito movimento e oportunidades, agora
é hora de separar o joio do trigo, e tomar consciência de onde realmente vale à
pena investir. Plantou as semenstes? Agora é hora de esperar germinar. Paciência
e observância de detalhes importantes. Época boa para cuidar dos relacionamentos
(em todos os níveis), valorize as atividades em grupo. Poderá apaixonar-se ou
desapaixonar-se, relacionar-se super bem ou ter grandes dificuldades nos
relacionamentos, tudo vai depender do seu Mapa Pessoal. Estará envolvido em
reuniões, troca de idéias e movimentações envolvendo pessoas, por isso deverá
tomar cuidado com o que diz, sendo ponderado, aprendendo a ouvir e a se colocar
no lugar do outro. Prepare-se por que, nesse período, a vida vai exigeir grande
capacidade de adaptação, flexibilidade, muita diplomacia e paciência. Para
garantir o sucesso dos próximos Anos Pessoais, procure manter-se em harmonia com
o Ano Dois: ao invés de afirmar-se, simplesmente aguarde os resultados. Confie,
porque nem sempre você estará totalmente ciente de todas as circunstâncias que
envolvem uma determinada situação, o futuro, então, lhe parecerá meio obscuro.
As escolhas parecerão difíceis, devido a uma certa indecisão, é melhor tomar
cuidado e esperar o momento mais propício. Estará emocionalmente mais sensível,
por isso tome muito cuidado para não levar as coisas para o lado pessoal,
enfraquecendo assim sua autoconfiança.

terça-feira, junho 09, 2009

Stand by me, lady Moon

A lua cheia foi a última imagem que vi na rua ao chegar em casa ontem. E a primeira quando abri a porta, às 6h da manhã de hoje, para vir trabalhar. Liguei o rádio e ouvi Stand by me... Ótimo jeito de terminar e começar o dia. Com sonhos na cabeça e esperanças no coração. Nem o fato de madrugar me fez perder o humor.
Diz que a energia da lua cheia nos concede o dom da renovação...
Então, ela tem me ajudado demais. É bom sentir esta leveza. Chorar sem dor, mas simplesmente porque, depois de tanta turbulência, ver a própria vida com clareza emociona.
Tenho me sentido feliz ultimamente. Com um frio bom na barriga pelo que ainda virá, cheia de expectativas, mas feliz, confiante com a vida, com o tempo e principalmente com o amor.
Estou apaixonada pela vida, acho que é isso.
Alguém aí deve me achar piegas, romântica, ingênua e infantil. Tudo bem. E eu estou nem aí para a opinião de gente assim.
A vida, se a gente observa bem, sempre prova que tudo tem saída, que até o que é negro num certo momento, depois, se ilumina. Depois, há outros problemas, mas a gente está mais forte.
Acho que a gente sofre demais porque não aceita esses momentos negros. Quer passar pela vida como se estivesse numa novela das seis. Concluo que o melhor é encará-los de frente, sofrer o que tem que ser, mas sempre sabendo que vai passar.

segunda-feira, junho 01, 2009

Com amor e sabedoria

O meu médico me olhou daquele jeito estranho quando eu lhe disse que estava me separando.
- Poxa vida, Viviane, mas por quê? Vocês estão há tanto tempo juntos, passaram por tanta coisa....
- Mas nós estamos bem, doutor, estamos - cortei, até porque já não aguento mais responder a essa pergunta quando digo para alguém que estou me separando.
O meu médico é um cara novo, mas conservador, como a maioria das pessoas. Acho curioso esse conservadorismo que até as pessoas que parecem "avançadas" demonstram quando eu comunico que estou saindo do meu relacionamento de 20 anos.
Não sei o que é pior nelas - a cara de espanto ou de pena.
Primeiro vem o espanto porque eu e o Mauro somos o que todo mundo idealiza como "o casal ideal". Relacionamento pacato, um não enche o saco do outro, casa boa, renda média mensal também boa. Além de tudo isso, nunca nos viram brigar, nos mal-dizer, nos agredir. Vivemos, sim, em paz.
Quando conto, geralmente a pergunta, que também vem é assim, às vezes até indignada:
- Mas você parece tão bem?
- Sim, estou bem porque estou feliz - respondo, e já emendo a explicação para não deixar dúvidas - O tesão acabou. Sobrou o amor de irmão.
Ou seja, não estou sofrendo com isso. Tenho que explicar que a parte do sofrimento pior é quando a gente descobre que não quer ficar junto e não sabe como dizer para o outro ou como fazer para o outro entender. E que essa parte da história já passou. E veja só, eu sofri muito sim, e poucos perceberam. Mas agora percebem que eu estou feliz. Isso é bom.
E, se não vem o espanto, vem o olhar de pena, como se eu tivesse abrindo mão de uma fortuna incalculável. Em boa parte das vezes vem mesmo os dois olhares juntos, como um míssel acompanhado de uma voz embargada, de pesar e melancólica. Algo assim:
- Mas o que deu errado?
- Não deu nada errado.
Tenho tentado me divertir com tudo isso. Analisar mesmo a reação das pessoas. Percebi que os mais velhos são os que mais me entendem. E as outras mulheres separadas também.
Eu não sou muito fã do Jabor, mas outro dia a Glenda, uma colega de trabalho, me contou que ele fala exatamente o que eu havia acabado de explicar para ela:
- Meu casamento não deu errado. Me irrita quando dizem isso. Deu muito certo. Só um relacionamento que deu certo explica porque estamos nos separando sem rancores, não estamos contando com quantos talheres cada um vai ficar, nem disputando para saber quem vai ficar com o fogão e a televisão. Estamos nos ajudando. A Bia, nossa filha de 8 anos, está participando de tudo, elaborando por conta seu calendário semanal para quando nós, enfim, estivermos em casas diferentes. Com ela, já falamos sobre fim de namoro, amor, divórcio, padrastos e madrastas que poderão vir. Ela não vê a hora da vida dela também mudar.
É raro, eu sei, mas eu gostaria que todo casamento terminasse assim.
E eu espero que a gente seja um exemplo sim.
É nisso que eu acredito, e quero provar que é possível.
Não podia fazer diferente.

PS - Há muitos anos, o Zé, um amigo que havia havia se separado, me mandou um trecho do livro "Ame e dê Vexame", do Roberto Freire. Talvez ele não tenha a dimensão do quanto aquilo mexeu comigo, porque lá estava escrito exatamente o que eu já sabia, mas nunca tinha conseguido expressar em palavras. E nem imaginava que o que eu sentia era possível de colocar em prática. Quando eu li, me senti feliz como uma criança quando consegue ficar em pé pela primeira vez e dar um passo. Tinha vontade de gritar: eureca, é isso! O trecho é o seguinte:


"Quando o amor acaba por ele mesmo, quando existe incompatibilidade entre as personalidades dos amantes, suas reações à perda não chegam nunca ao desespero trágico (...) Os amantes sabem que só se ama por inteiro, ou então o que estão fazendo não é amor, mas uma associação de interesses mútuos, um negócio. Além disso, quando se ama, não se está pensando em segurança, duração, controle, posse, pois isso corresponde à forma com que o autoritarismo capitalista familiar ou de estado se expressa no plano pessoal e afetivo. Se sou um libertário, desejo que tanto eu como meu parceiro vivamos o amor em liberdade, na emoção, no espaço e no tempo. É o amor em sí mesmo que comanda a intensidade, a beleza, a forma e a duração do nosso amor, em cada um e entre os dois, jamais o contrário."

São palavras sábias, mas difíceis de serem vividas.
Como uma criança, - que depois que fica em pé dá muitos tropeços e sofre muitas quedas, mas que enfim sai andando e correndo por aí - o meu esforço é para conseguir viver assim.
Com muito amor e um pouco de sabedoria.
-

domingo, maio 31, 2009

A importância de deixar ir

Tirei isso no Tarot de hoje. Engraçado como essas coisas exotéricas "acertam" às vezes. Pode ser coincidência, mas é curioso.

Cultivar o desapego é um dos conselhos fundamentais dado pelo arcano
chamado “O Ceifador”. Existem momentos da vida em que somos desafiados a
perder cascas, a compreender a importância de caminhar, deixando paisagens para
trás. Ainda que isso doa, uma vez que nosso ego se estrutura a partir de apegos
e identificações, é a compreensão meditativa de que tudo passa que lhe permitirá
seguir caminhando e, enfim, abrir-se ao novo que belamente se introduz em sua
vida, pouco a pouco, passo a passo, até que você apareça com a alma totalmente
renovada. Procure se interiorizar neste momento, evitando grandes atividades
sociais. Faça este contato com o núcleo da sua alma e você entenderá quais são
as coisas que precisam ser deixadas para trás. Conselho: Viver é perder cascas
continuamente!

terça-feira, maio 26, 2009

COMPREI!!!

Quero gritar COMPREI!!!

O Ap que eu quis. Vou ser a mulher mais sem dinheiro da face da terra nos próximos meses, mas eu estou feliz!! Dura, mas feliz.

:-)

PS - E agorinha fui ver o meu I-Ching do dia. Olha só: tô fazendo tudo direitinho, segundo a cultura oriental.

Wu Wang: A Simplicidade
Ouça o que lhe sugere a sua voz interior e prossiga fazendo as coisas que sabe serem certas. É importante também que você não aja mirando um objetivo ou com a expectativa de uma recompensa monetária. Seja simples e ouça o seu ser profundo, assim seguirá de modo livre e sereno.

Ieba !!!!!!!!!! :-)

domingo, maio 24, 2009

Haicus latinos

É assim que os poeminhas curtos se chamam no resto do mundo - haicus.

O Ciro, um amigo, me enviou. Tá registrado.


Los sentimientos
son inocentes
como armas blancas
---
Hay pocas cosas
tan ensordecedoras
como el silencio

---
Me gustaría
mirar todo de lejos
pero contigo


Mario Benedetti
Rincon de Haicus

--

terça-feira, maio 19, 2009

O conto

Acabei me inspirando em nós duas
Misturei histórias e sentidos
Nem sei se ficou bom
Mas sei que ficou um desejo, só isso

domingo, maio 17, 2009

Cheguei agora, no vento

Quem viveu a juventude na década de 80 lembra desta música do Walter Franco. Ganhei hoje de presente. A letra diz tudo, a melodia cheira passado, o conjunto me empurra pra frente. A gente não devia nunca esquecer o que passou e foi bom. Escute.


Serra do Luar



Amor, vim te buscar, em pensamento


Cheguei agora, no vento



Amor não chora, de sofrimento


Cheguei agora, no vento


Eu só voltei pra te contar


Viajei, fui pra Serra do Luar


Mergulhei, ah, eu quis voar


Agora vem, vem pra terra descansar


Viver é afinar um instrumento


De dentro pra fora, de fora pra dentro


A toda hora, a todo momento


De dentro pra fora, de fora pra dentro

;-)



sábado, maio 16, 2009

O tempo dos outros

Dias como hoje são esquisitos. Dias em que os planos ficam em suspenso.
A decisão já foi feita, não há mais dúvidas, mas algumas peças não se encaixam.
Não há nada o que se possa fazer e a gente é obrigado a esperar.
Todo mundó já passou por isso, eu imagino. É uma sensação de desamparo.
Acho que tudo isso vem para exercitar a minha paciência.
Eu, que fui treinada para conseguir tudo para ontem, na rapidez do raio, sou obrigada a esperar o tempo dos outros...
Ironia... onde está a minha auto-suficiência?
A solução é respirar fundo e torcer para que a espera passe mais rápido do que eu possa sentir.
.

quinta-feira, maio 14, 2009

O velho chavão

É chavão, mas é a pura verdade:

Tem dias que a gente não devia nem levantar da cama......

:-()

domingo, maio 10, 2009

Sou mãe em Lua

Recebi isso e gostei. Tá registrado.

A mãe com o signo lunar em Áries é toda sinceridade. Apressada, às vezes
impaciente, mas quase uma criança na manifestação espontânea de seu amor. O
melhor lado que ela tem a oferecer ao mundo é a fé: a crença de que as coisas
podem e devem ser melhores do que são. Essa mãe também é voltada para o
imediato, para o agora. Sua vida é uma sucessão de momentos intensos como os de
alguém que deseja aproveitar ao máximo a vida. Para ela, tudo é à flor da pele.
É uma criatura aventureira, mas sabe se dedicar muito bem à tarefa de ser mãe.

sexta-feira, maio 08, 2009

O beijo

Eu estava em um lado do balcão, com a Bia, e o vi do outro lado, através do vidro.
Íamos comprar algo, pizza, eu acho.
Ele me viu, sorriu, falou oi, contornou o balcão e veio me beijar.
Dei o rosto, mas ele queria ir além.
Então, eu resisti, surpreendida, e caí assustada no meu corpo deitado e, agora, ofegante.
Por que recusei o beijo? Ainda não é a hora, eu pensei. Que estúpida, me xinguei.
Só sei que foi difícil retomar o sono nesta madrugada.
Ando sonhando demais nos últimos tempos.

domingo, maio 03, 2009

A profecia da Ana

Minha amiga Ana tem a mania de profetizar sobre a vida de seus amigos. Não ligo não. Acho divertido até, mesmo porque ela já acertou algumas vezes. Mas confesso que às vezes me dá um frio na espinha o que ela diz sobre o meu possível futuro.
A última profecia da Ana é sobre a solidão. A minha solidão.
Não ligo de estar só. De verdade, estou curtindo o "descasamento" em doses homeopáticas. Foi uma escolha minha e, aos poucos, vou fazendo o que posso para consolidá-la, digo, a separação.
Assim, o primeiro passo foi estar só do ponto de vista afetivo. Ou seja, já está claro para mim e para o outro que acabou, que somos amigos e podemos viver bem com isso. E está sendo ótimo para mim viver isso no dia-a-dia. Por si só já é uma história bem diferente das que conheço por aí sobre separações, a maioria delas dramáticas e rancorosas. É lógico que há dor no processo, mas eu estou me saindo bem com ela e acho que ele também.
Até a Bia já entendeu que vamos morar em casas separadas e tem me acompanhado na melhor parte desta fase da nossa história: a procura pela nova casa ideal. Tem sido delicioso olhar aps ocupados, vazios e até em construção.
Então, voltando à Ana, o que ela diz é que, de fato, apesar desta minha solidão por opção, eu ainda não estou assim tão só. Porque ainda não mudei de casa, minha separação ainda não é visual para o grande público e a Bia está sempre comigo.
E ela profetiza que a pior parte, a que é mais dolorida ainda do que a descoberta que o casamento acabou, é a solidão quando ninguém mais estará comigo no dia-a-dia. "Aí você vai sentir!"
E que ninguém pense que ela diz isso por mal, porque a Ana nunca quer o meu mal. Ela fala isso como falaria "nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos". Para ela, esse será o curso natural das coisas. Ela profetiza: você só saberá o quanto está curtindo a solidão quando o telefone tocar e não tiver vontade de atender. Só aí, completa, estará feliz se sabendo sozinha de verdade.
Pode ser, Ana, eu digo. Mas o fato é que tudo até agora foi encabeçado e decidido por mim. E as decisões sempre foram solitárias, por mais que eu buscasse ajuda, apoio e conselhos aqui e ali. E eu também não acredito que as fórmulas são iguais para todos. Aliás, tenho a pretensão de fazer as coisas diferentes. É um desafio pessoal.
Por tudo isso, amiga, se tiver que vir a tal da "solidão pior", que venha. Eu estou duvidando.
E, se vier, no fundo, no fundo, eu acho que já estou bem preparada para ela.

:-)

Ninguém é perfeito

Estou chocada: hoje eu, com quase 43 anos, descobri que minha tia de 85 anos é corintiana...
Adora a Fiel... Cai das nuvens.
;-(

terça-feira, abril 28, 2009

O sorriso de Monalisa

A Bia tem tido aulas de artes na escola. Outro dia, me disse que adorava a Monalisa, que era a pintura mais importante do mundo. Perguntei a ela se sabia que a Monalisa "olhava para as pessos". E ela me respondeu:

- Sei, mãe. É assim: se você olha a Monalisa de frente, parece que ela está olhando para você. Se você a vê de lado, parece que ela está olhando de lado para você.... Mas.... se você está olhando a Monalisa de costas..... Bem, aí não dá pra ver nada, né!

É, tem muita gente por aí tentando ver a Monalisa de costas!





Tudo terminando bem

Adoro dias como o de hoje. Começou, assim, sem nenhuma perspectiva e terminou.. ah, em paz, feliz eu diria.
Madruguei para estar no jornal às 7h. Mau humor em alta, é lógico. Sono, trânsito, frio, neblina e, na pauta, a gripe do porco a me atormentar.
Vamos lá, cada coisa tem que ser feita no seu horário, e eu esquecendo várias das coisas: o post no blog, a entrada na rádio, a ronda na internet, o fone tocando, o rádio e a TV ligados, tudo ao mesmo tempo agora.
Deus!, eu ainda tenho que finalizar a pauta (e é lógico que não vou conseguir almoçar) e depois ainda tenho que escrever a coluna toda do próximo domingo para fechar hoje. E, para piorar, minhas tonturas estão voltando, já sei, estou relaxando na dieta.
A manhã passou num piscar de olhos e eu ainda tenho uma reunião às duas e preciso comer. Engulo uma sopa quase que na hora do lanche. Quando vejo, são 4 da tarde. E ainda falta a coluna do próximo domingo. E tenho que pegar a Bia no ballet às 8 e meia - não dá pra sair muito tarde do jornal.
Então, comecei a escrever, entre a pergunta de um repórter, o telefone tocando, o chefe me chamando. Fui puxando uma lembrança aqui, um frase acolá, parava, voltava a escrever. Pensei: "Esta vai ficar horrível", mas vamos continuar. Descarto quase tudo que rascunhei ontem à noite, quando estava sentada na minha cama, com a Bia do lado, lendo gibi.
E, quase 7, terminei. E.... adorei o que escrevi. Como há muito não gostava. Ficou demais.
Foram 12 horas dentro do jornal e, por incrível que pareça, sai de lá feliz.
Dando graças por não desistir de escrever. É que, nestes dias nebulosos, eu muitas vezes penso em parar...
Bem, o resto da noite foi ótimo. No carro, voltei rápido ao som "The Miracle of Love", peguei a Bia, passeamos no clube e agora estou aqui. Fechando a noite.
Dia normal. Dia em que, no fim, tudo terminou bem.

:)

domingo, abril 26, 2009

Agora com os pés no chão

Parece que agora eles pisaram no chão.
É como se nenhum deles quisesse mais se arriscar em devaneios e fantasias.
É um pouco triste isso. Porque o que há por trás é uma tentativa de brecar o desejo.
Mas o desejo é como um curso d'água represado, que um dia precisa escoar.
Então, com os pés no chão, eles se esforçam para contê-lo, mas intuem que um dia ele vai transbordar descontroladamente. Novamente.
Só não sabem de qual forma. E se isso lhes trará a felicidade.

Mas também há nisso o seu lado bom. Sempre há.
Com os pés nos chão, eles repassam sua história, analisam o que foi certo e errado.
Eles afastam as culpas, acalmam o coração, respiram com folga.
Talvez sonhem. Quem sabe têm planos curtos, porque não querem mais nada a longo prazo. Pode ser.
É que nada que tentem pensar além alegra a sua alma.
É certo que vivem conformados por ter o mínimo, e se sentem seguros porque o mínimo está no agora, na vida que parece real.
Mas não é.

quarta-feira, abril 22, 2009

Uma História um Pouco Esquisita

Era uma vez um príncipe diferente dos outros. Ele era um pouco feio, um pouco estranho, um pouco torto e um pouco azarado também.

Um dia, esse príncipe foi preso na torre por uma princesa horrorosa, chata, mandona e feia de doer. O coitado ficou se sentindo muito mal, pior que um sapo perdido na areia do deserto.

Por sorte, uma bruxa muito interessante, bonita, alegre e engraçada ficou sabendo da terrível maldade. Não perdeu tempo, montou o cavalo nas costas e correu para lá.

Chegando, gritou: "Ó príncipe amado, joga-me tuas tranças! Eu vim te salvar!"

O príncipe ficou tão feliz com a chegada dela que, sem pensar, pulou lá de cima. Caiu no cavalo, quebrou uma perna, dois dentes da frente, torceu as costelas, rasgou toda a roupa e, como se não bastasse, perdeu a peruca também. O que aconteceu com o pobre cavalo ninguém sabe.

O príncipe se arrebentou inteiro, mas a bruxa, que o amava, cuidou tão bem dele que o moço ficou bonzinho, só um pouco mais torto do que antes.

A bruxa e o príncipe mudaram para longe, para uma terra distante, bem mais bonita que aquela, e compraram um castelo antigo, lindo, que ficava no alto de uma montanha. E aí aconteceu, de verdade, o que ninguém acreditava que fosse acontecer; eles viveram juntinhos para sempre, felizes, cheios de amor.

FIM

NOTA DE RODAPÉ: Um dia, quando eles já eram velhinhos e continuavam felizes, ficaram sabendo que a princesa malvada tinha se casado com um dragão. Um dragão que sabia queimar a maldade dela com o fogo das ventas.


Este texto não é meu. É do Felpo Filva, personagem da Eva Furnari. É que tenho lido muitos livros infantis ultimamente. Até porque a Bia tem 8 e leio tudo o que cai nas mãos dela. Outro dia, na escola, pediram a leitura do Felpo Filva (Moderna). Adorei. Acho que porque continuo romântica, acreditando no amor quando todo mundo já tem a certeza de que ele é impossível e improvável. Que pessoa teimosa eu sou. Ainda bem.

:-)

terça-feira, março 17, 2009

Mais Biscoitos

E, agora, eu não sinto o cheiro de biscoito quente só durante a noite,
quando eu chego em casa,
ou de madrugada,
debruçada na janela da minha cozinha.

Agora, o cheiro também vem durante o dia,
nas manhãs de sol, nas tardes de chuva e mormaço.
E, o que é ainda melhor:
agora, eu também já sei fazer os meus próprios biscoitos.

:-)

terça-feira, março 10, 2009

Mais Quatro

Eu te amo
Sinto muito
Me perdoe
Muito obrigada

quinta-feira, março 05, 2009

Inferno na terra

Acho que se esse calor infernal não acabar logo eu vou morrer...
Morrer de mau humor.
Os dias até que começam bem, mas conforme as horas passam
o calor aumenta, as pessoas cansadas, arfando, suando...
Tudo irrita.
Os telefones não atendem e, quando atende, ninguém se entende.
Celulares que falham... não sei porque os inventaram.
Nada está bom.
A barriga dói, o estômago enjoa, dá vontade de chorar.
As caras ficam feias, os cabelos desgruvinhados, os lugares abafados...
O ar-condicionado esfria e eu tenho que colocar uma blusa mesmo suada.
E depois tirar pra ir pra rua. Fico gelada e pego fogo.
Eu só gosto de calor na praia, na piscina, ao lado de um copo de cerveja

segunda-feira, março 02, 2009

Presente da Querida Su

Que eu me permita olhar e escutar e sonhar mais.
Falar menos. Chorar menos.

Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm
e não a inveja que prepotentemente penso que têm.

Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática as palavras que se
fazem gestos
e os gestos que se fazem palavras.
Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar.

Saber realizar os sonhos que nascem em mim
e por mim e comigo morrem por eu não os saber sonhos.
Então, que eu possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis;
aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo fruto,
a cada nova flor,
a cada novo calor,
a cada nova geada,
a cada novo dia.

Que eu possa sonhar o ar,
sonhar o mar,
sonhar o amar,
sonhar o amalgamar.

Que eu me permita o silêncio das formas,
dos movimentos,
do impossível,
da imensidão de toda profundeza.

Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque,
pelo sentir,
pelo compreender,
pelo segredo das coisas mais raras,
pela oração mental (aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só
ela, alma, responde).

Que eu saiba dimensionar o calor,
experimentar a forma,
vislumbrar as curvas,
desenhar as retas,
e aprender o sabor da exuberância que se mostra nas pequenas manifestações
da vida.

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos.
Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão, que em vão não sejam minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos,
mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.

Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesmo.
Que eu não tenha medo de meus medos!

Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim um ser sereno dentro de minha própria turbulência,
sábio dentro de meus limites pequenos e inexatos,
humilde diante de minhas grandezas tolas e ingênuas.

Que eu me permita ser mãe, ser pai, e, se for preciso, ser órfão.

Permita-me eu ensinar o pouco que sei e aprender o muito que não sei;
traduzir o que os mestres ensinaram
e compreender a alegria com que os simples traduzem suas
experiências;

respeitar incondicionalmente o ser;
auxiliar a solidão de quem
chegou,
render-me ao motivo de quem partiu e
aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
fazer gentilezas quando recebo
carinhos;
fazer carinhos mesmo quando não recebo gentilezas.

Que eu jamais
fique só, mesmo quando eu me queira só.


Obrigada Suzete

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Verdades

Há verdades que a gente escuta, vê, ou dizem pra gente. São fatos concretos, conclusões de histórias, inícios de outras, fotos nítidas, coisas que se encaixam nos padrões, que se colocam como totalmente reais e irrefutáveis. Se contraditas, viram mentiras, engodos, invenções. Essas são verdades mais fáceis da gente lidar, mais racionais, por serem palpáveis.
Mas há outras verdades. Aquelas que a gente sente e percebe. Aquelas que, às vezes, parecem o oposto do que estamos vendo ou dizendo. Está lá uma situação que parece perfeita e feliz, mas não é. Não vemos, mas sentimos, percebemos. Alguém se esforça num discurso, numa relação, numa situação, até acredita nela, mas aquilo tudo, sabemos sem entender como, não é verdade. Mas também não é mentira. São enganos. Podem ser fugas. Impossível julgar. Acredito que é isso o que chamam por aí de intuição. Mas tem quem também chame isso de fantasia. E fantasia surge do desejo, que às vezes é impossível de ser realizado.
Eu, que já me achei muito racional, ultimamente tenho me visto no meio dessas duas verdades. Em algumas situações, tento acreditar no que me mostram, no que parece real, mas sinto cada vez com mais certeza uma outra verdade.
Me entregar a ela significa seguir a minha intuição, com um desafio de discernir até onde ela é real e até onde ela é só um fruto da mais doce fantasia que eu criei.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Quietude

O mundo anda quieto ultimamente.
E eu estou querendo colaborar com o silêncio...
Ficar só com os meus pensamentos, na solidão do silêncio.

Até porque já tenho respostas,
mas isso não importa para mais ninguém.
O que eu penso, o que eu sinto... a mais ninguém...

terça-feira, janeiro 06, 2009

No dia 1º eu morri

Acreditem: no dia 1º de janeiro eu morri.
Desencarnei, passei dessa para melhor, fiz a passagem.
Mas não cheguei em lugar algum e voltei, mergulhei em mim mesma.
Ressuscitei.

Não. Eu não renasci.
Quando a gente renasce a gente se renova, muda o corpo, pelo menos, e esquece o passado.
E eu voltei no mesmo corpo cansado, já meio arredondado, com as mesmas dores, dúvidas e dramas.

Não vi o dia 1º amanhecer e nem sei como, depois da aurora, enfim, dormi.
É que simplesmente apaguei. Como deve ser mesmo a morte ideal.
Todo mundo devia morrer assim, num off, sem dor. E acordar lá do outro lado, sem rancor.

Mas um anjo que me acompanha me amparou, me pegou no colo e tomou conta de mim.
Me fez voltar. Me disse assim: "Vamos, você tem que continuar".
E voltei a viver na minha cama, ressuscitada no meio do desejo.

Nem sei como cheguei no fim do dia. Mas ainda trabalhei, feliz, até o anoitecer...