sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Tempo certo

Quando você vem...
e vai
deixa em mim, no meu corpo
tatuadas
as suas marcas

Suas mãos
ficam nas minhas coxas
sua barba
no meu colo
seu lábios ficam no meu seio

E seu corpo
inteiro
fica impresso no meu coração

Então, você se vai e,
aos poucos,
com o tempo
suas marcas vão desaparecendo de mim

E
quando resta em mim apenas uma linha de você
Você reaparece e me reencontra
limpa
Pronta
para refazer em mim tudo outra vez

.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Transição

Ela chega pra mim com ar de segredo e me pede com todo jeito para eu tirar os pêlos das suas pernas.

- A Natália já depila desde o ano passado.
- Mas você quer passar cera?
- Não, que dói. Quero que você passe gilete. Ah, vai, mãe, eu quero.

Vamos para a praia e ela quer já parecer mocinha. Mas, de verdade, ainda não sabe direito o que é. Com 10 anos, quer ser mocinha, mas adora ser criança.

De repente, enquanto pensa no que vai levar, se lembra dos baldinhos.

- Estão lá no papai! Vou ligar pra ele.

E, enquanto ela explica pro pai em qual armário e dentro de qual bolsa estão os baldes e pazinhas de plástico que ela ganhou quando tinha 4 anos, eu passo creme na sua perna e raspo fora todos os pêlos negros que ela tinha desde quando nasceu.

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PS - Os baldinhos ficaram na praia, na casa da madrinha, pra algum bebê que ainda vai nascer poder brincar quando chegar a hora. Esta semana ela me pediu de novo para raspar os pêlos de suas pernas.
Não há mais volta!

:-)

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Inverno

Não sou fã da Adriana Calcanhoto, mas a letra desta música é maravilhosa.
É triste, mas estranhamente me deixa feliz.
Também fico pensando onde foi que eu larguei
"o leão que sempre cavalguei"


http://letras.terra.com.br/adriana-calcanhotto/43975/


:-)

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Da janela

Ela me diz que gosta de olhar dessa janela aquela janela, assim, quando não tem nada o que fazer. As cortinas balançam leves e parecem iluminadas por ene luzes multicores, fruta-cor, suaves... O efeito só ocorre à noite? penso. O que será que acontece naquela sala? quarto? sei lá. Não importa. O que há é o que ela imagina, sente...
E eu me lembro que da janela gostava de olhar o sol, sentir o sol nos meus olhos fechados, e o que via era o vermelho vivo, depois rosa, estrelas, e rosa, e às vezes preto, tudo se desmanchando, até aquecer tanto que eu não podia mais aguentar. Ou até alguém me chamar, me acordar. E ainda gosto, mas é raro ter tempo para ficar assim, sem ter o que fazer, só encarando o sol...
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