domingo, agosto 28, 2011

Reinventar a vida

Tenho pensado muito nisso ultimamente...
como fazer? a gente sempre sabe como...
só há de ter coragem pra começar...
parar de só pensar
Sair da "zona de conforto"...
e fugir dessa desesperança!

\o/

quarta-feira, agosto 24, 2011

Sem palavras

Em dias como os de hoje, de tosse, cinza e frio, as palavras são poucas e as músicas falam muito mais...

Ainda bem que temos as músicas...

Um pouco de calor

;-/

domingo, agosto 21, 2011

Sem palmas

O grito do homem me paralisou. O tom de sua voz tinha o mesmo desespero do menino e foi por isso que eu me lembrei dele, com sua linha rompida. Por um instante pensei: será que lá no passado a linha desse homem também se partiu? Tanto desespero assim e agora por causa de uma linha que caiu? Mas o que parecia não era. Não para aquele homem. Aquilo era era só um tom muito forçado. O grito mais alto para fazer o outro calar. No olhar não tinha desespero. Tinha só o risco de uma cena imaginada e que ali, na esquina escura, encontrou o seu palco perfeito. E a plateia? Apenas eu, que fui embora sem bater palmas.
 ...

quarta-feira, agosto 10, 2011

Novidade no blog da Vivi Colin

A revista mudou e o blog ganhou ilustrações do Pedro Ewbank.

Olha a primeira:

A noite foi por água abaixo

Só falta o livro, agora.

:-)

terça-feira, agosto 09, 2011

A linha rompida

Foi numa manhã como essas de inverno, de sol forte, céu azul e muito vento, que eu vi, surpreendida, o seu desespero. Wellington vivia em um abrigo. Era órfão ou tinha sido abandonado pela família, a gente nunca sabia direito. Mas o fato é que estava com pouco mais de 8 anos e era lindo. Quando eu comecei a acompanhar a rotina daquelas crianças, ele era o mais arredio. Depois, aos poucos, fomos ficando próximos e ele era o que eu mais amava. Acho que porque era ele o mais difícil de se lidar.
Naquela manhã, ele estava feliz da vida porque tinha ganhado uma pipa toda colorida. Ele e outros meninos do abrigo estavam  curtindo os brinquedos, que vários tinham também. Várias pipas coloriam o céu do abrigo. O lugar era amplo.Tinha um descampado e lá Wellington corria e manobrava sua pipa no ar.
De repente, uma gritaria e o menino aparece correndo, vindo em minha direção, chorando, desesperado.
- Minha pipa!!! - era tudo o que ele conseguia dizer no meio dos soluços. Ele tinha perdido o brinquedo, cujo fio foi cortado por uma linha cortante.
Eu só conseguia lhe dar o meu consolo, mas dizer que aquilo não era nada, que a pipa era "só" um brinquedo, que a gente arrumava outro não adiantava. Ele não escutava, não queria abraço, nem carinho. Só corria e gritava. Ele voltou a se esconder no seu quarto. Toda a raiva contra o mundo parece que voltou ao seu coração. E eu me senti uma inútil.
Fui conversar com a psicóloga do abrigo e ela me explicou a situação. Disse que, para meninos como Wellington, desprovidos de tudo, a pipa, voando livre no ar, tinha um significado único - era a liberdade que ele queria ter. A liberdade que ele comandava. E que, naquele momento em que o fio foi cortado e ela voou para longe, no coração imaturo daquela criança pra lá de carente, era mais uma perda e um motivo de desesperança: significava que com o brinquedo colorido ia também sua chance de estar fora dali.
Eu entendi a lógica, mas continuei sem ter nada a fazer naquele momento. Simplesmente não sabia como agir, já que falar, com os meus argumentos lógicos, não adiantava nada. Wellington era só emoção, uma emoção que  nem ele sabia descrever.
;-(


quinta-feira, agosto 04, 2011

Uma cena na esquina

Acho que só ela viu que eu chorei.
Paralisada atrás do  meu volante, sem piscar para não perder nada da cena que, para minha surpresa, se desenrolava na frente. Eu estava hipnotizada, como numa sala de cinema. Mas estava parada num farol.
A pequena e o gigante.
A menininha dando uma flor a um homem embrutecido pela cidade, pela fuligem, pelo trânsito e pela pobreza. Mas ela dizia com os olhos e os gestos tímidos que aquele grandalhão era tudo para ela, seu porto. Ele era doce.
Só a mulher  percebeu que eu vi. Ela olhava a filha, segurava o bebê e me observava, incrédula com a minha reação. E ela sorriu para mim, disfarçando também, meio cúmplice, como que aprovando minhas lágrimas que já ardiam debaixo daquele sol abafado de duas da tarde.
Ela percebeu que eu entendi? Que eu captei a mensagem?
Acho que sim.
Ele, por outro lado, diz pra me provocar que isso não é motivo de história, que as picantes são sempre melhores, que flores para pais presenteadas por menininhas são cenas comuns.
E eu respondo: É, pode ser. Mas amor bruto, inocente e puro no meio de uma tarde dura de trabalho na metrópole é, para mim, ouro puro, diamente raro, peça guardada com cuidado pra eu nunca mais esquecer.
Será que ele vai captar a mensagem?
...