Janeiro me atropelou.
Será que em fevereiro eu consigo sair do chão? Tem alguém aí, plis, pra me dar a mão?
Em fevereiro vou me tratar. Devo passar mercúrio nos cortes, enfaixar o braço, engessar a perna, cuidar da cabeça. Serei obrigada a descansar, eu penso. Será que terei um colo? Um café com leite na cama pela manhã? Algúem que me ajude a tomar banho?
Em março, com o corpo ainda dolorido, eu tenho que poder levantar, andar pela sala. Até abril, vou até o quintal olhar pro céu. Só aí devo parar de chorar. O mal, se é que foi mal, já foi feito.
Maio, que pena, é frio. Mas vai ser nesse mês que vou voltar pra rua. Talvez pro trabalho. Acho que já vai dar pra beber um vinho, tomar um conhaque, um belo porre seria o ideal.
Em junho, juro, estarei de novo zero-bala, tentando, é lógico fugir de outro bonde que me atropela.
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