Eles agora estão mais frágeis, e isso me assusta. Ela me diz que ele fala coisas sem nexo, vê uma casa duplicada, dorme fora da hora e fica alerta na hora de dormir. É a idade, eu sei. Ele, que sempre foi forte, agora cambaleia, chora, olha para o nada. E ela, que sempre foi mais dependente, tem que criar forças que nem ela mesma sabe que tem.
E eu, aqui de longe, posso fazer o quê? Dou conselhos, digo que é uma fase, ele está doente, vai passar. Mando dinheiro, peço para eles voltarem, vou até lá de vez em quando, mas a vida nessas horas é tão madrasta que, no momento que eles mais precisarem, que é inesperado, como eu poderei estar lá? Como vou poder adivinhar? E foi uma escolha deles passar a velhice lá, num lugar tão distante...
Tudo que sei é o que os dois me contam, e nem sei se me contam tudo o que eu preciso saber. E nem sei se eles sabem exatamente o que acontece com eles. Isso é que é mais assustador. Eles também não sabem...
E não é só medo que tenho. Fica junto um outro sentimento que eu nem sei dar nome. É um tipo de pena, de melancolia, saudades pelo que os dois já foram e que agora não aguentam mais ser e uma necessidade de se conformar com o ritmo da vida. É a vida... infância, juventude, maturidade, velhice... Ela vai chegar. E ele sabia disso, porque sempre me disse que a velhice dele ia acontecer.
Mas, de uma forma ou de outra, os dois sempre estiveram por aí. Agora, com ele doente, parece que fica concreto o que ele sempre falou por hipótese... que um dia não estará.
E eu aqui, sem poder mudar o rumo das coisas...
;-)
PS - Há 11 anos Heloisa partia.
...
2 comentários:
bjs Vivi...
San
Oi Vivi. Se precisar de qualquer coisa me liga, tá?
Força e bjs.
Sandra
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