quarta-feira, janeiro 24, 2007

Pelas beiradas

É que dói tanto que parece fome
Dói igual a um buraco no estômago que persiste durante muito tempo

Primeiro vem a dor aguda, insuportável, que tira a razão da gente
Depois, a dor desaparece e a fraqueza toma conta do corpo, da mente, da palavra

E vai aumentando...
aumentando...
aumentando....

Fica um tipo de letargia e é até possível esquecer dela

A gente esquece a dor
E o que a sacia, o que lhe corta, o seu sabor

Quando, enfim, se tem o alimento, não dá para comer tudo de um vez
Dá enjôos ver aquele excesso
O rosto se contorce de náusea
A língua não sente o sabor

Tem que se comer aos poucos, pelas beiradas
Primeiro o mais leve, um pouco mais a cada dia, sem pressa
Até o corpo se acostumar de novo com o outro

Eu já senti tanta saudades que, agora, já não sinto mais nada
Ela só não mata como a fome

Mas entristece e desgasta a alma

Um comentário:

Anônimo disse...

q bom ver vc aí de novo!
não se morre de saudade mesmo... mais fácil (?) é tentar nascer de novo...
um beijo