terça-feira, agosto 14, 2007

Sem errar a mão

Ela desliza sobre rodinhas e vem pra mim.
Primeiro, era um arrepio na espinha a cada falta de equilíbrio, mas agora é difícil esconder o orgulho da performance perfeita. Volteios e freadas precisas...
Ela ainda chora porque não consegue alcançar o armário mais alto, e reclama porque não sabe escrever direito. Mas descobre a cada dia que as calças estão mais curtas e festeja porque a 'prô' avisou que vai ter aulas de letra de mão!
Ela me abusa, me 'explora', preenche todos os meus espaços, marca meus compromissos, faz a minha agenda, define o meu roteiro diário. Muitas vezes eu, impaciente, transbordo, me revolto, grito e esperneio, tentando encontrar no meio de tudo um espaço só meu.
Mas ela é o meu espaço, meu empurrão, meu esteio, meu sorriso, meu choro, meus momentos de reflexão. E, como ela depende do que sou, me seguro pra não cair na vida, não mudar de vez o rumo e não errar pra sempre a mão.

2 comentários:

Anônimo disse...

que fofissimo, Vivs!

Vivi disse...

Olha, depois eu descobri que fui inspirada por uma poema do E.H. Auden... Mas gostei muito também...

"Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,
Minha semana útil e meu domingo inerte,
Meu meio-dia, minha meia-noite, minha canção, meu papo,
Achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado."