terça-feira, maio 18, 2010

Loucos & Santos

O poema não é meu, mas me foi dado de presente. Então, merece estar aqui. Os destaques são meus.



Oscar Wilde

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábito.

Fico com aqueles que fazem de mim Louco e Santo.

Deles não quero respostas, quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e que aguentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco.

Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão

pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de

aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos e nem chatos.

Quero-os metade infância e a outra metade velhice!

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos

para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos nunca

me esquecerei que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.


7 comentários:

Anônimo disse...

:)
Sandra

Anônimo disse...

oi!
ganhei beleza e reparto :)
bjs
San


TRÊS METADES
Paulo Leminski

Meio dia,


um dia e meio,


meio dia, meio noite,


metade deste poema


não sai na fotografia,


metade, metade foi-se.

Mas eis que a terça metade,


aquela que é menos dose


de matemática verdade


do que soco, tiro, ou coice,


vai e vem como coisa


de ou, de nem, ou de quase.

Como se a gente tivesse


metades que não combinam,


três partes, destempestades,


três vezes ou vezes três,


como se quase, existindo,


só nos faltasse o talvez.

Anônimo disse...

oi Vivi!
Veja se não é bonito:


IRMANDADE

Sou homem: duro pouco
e é enorme a noite.
Mas olho para cima:
as estrelas escrevem.
Sem entender compreendo:
Também sou escritura
e neste mesmo instante
alguém me soletra.

Octávio Paz
(Trad. Antônio Moura)


bjs
Sandra

Marcella disse...

Vivi do céu... Entrei aqui e rolei a página até o final, antes de qualquer coisa, para acompanhar o momento. Me emocionei muito com as suas histórias, pois estou num momento extremamente parecido. O d"as mudanças acontecem todas juntas" foi o máximo!
Saí das trevas e voltei a blogar. De maneira parecida com teu outro post em que fala de escrever sem compromisso. Mudei de status civil também, há dois meses, e ainda estou me acostumando. "Lençóis novos" foi lindo! Enfim... muitas emoções pra um comentário só... rs Um grande beijo!

Anônimo disse...

vou ter coisas tristes pra fazer hoje... foi-se embora uma amiga da minha irmã, Berenice...ela tinha um blog: 'Berenice disse...'

bjs Vivi.
Se puder, me liga.
Vou estar em S.Bernardo.

Sandra

Anônimo disse...

(mais um poema recebido e repassado!) bjs - Sandra

Volto armado de amor/
para trabalhar cantando/
na construção da manhã./
Amor dá tudo o que tem./
Reparto a minha esperança/
e planto a clara certeza/
da vida nova que vem.

Um dia, a cordilheira em fogo/
quase calaram para sempre/
o meu coração de companheiro.

Mas atravessei o incêndio/
e continuo a cantar./
Ganhei sofrendo a certeza/
de que o mundo não é só meu.

Mais que viver, o que importa/(antes que a vida apodreça)/
é trabalhar na mudança/
de que é preciso mudar.

Cada um na sua vez,/
cada qual no seu lugar.


(Thiago de Mello)

Anônimo disse...

está bonito o que escreve Isabela sobre o Saramago...

bjs
San