Veio assim como um toque no coração, uma vibração boa, inesperada, silenciosa e acalentadora. Daquelas que te fazem fechar com olhos com suavidade e respirar fundo, soltando o ar devagar, como num suspiro prolongado. Começou no fim da tarde, no meio do trabalho, sem que eu provocasse, sem que eu estivesse pensando no assunto. Estranhei porque, na verdade, sempre penso em tudo o que passou, refaço cada passo, relembro cada palavra dita e escrita e, nem mesmo assim, sinto esse toque no coração. Já senti outras coisas, boas e ruins, bem sei. Nó na garganta, euforia, enjoos, aperto no peito, dores no útero, olhos úmidos, borboletas no estômago, a carne trêmula, os músculos se encolhendo por conta própria.... Mas este toque no coração, essa vibração alegre que senti hoje há muito, muito mesmo não sentia. E nem sei explicar racionalmente porque senti. Não tinha música, não tinha poema, não tinha mensagem, não tinha nenhuma imagem que me inspirasse. Pelo contrário. Tinha o frio do ar condicionado e o burburinho da redação. Fiquei tentando imaginar se era fruto da minha atual tristeza. Não consegui chegar a uma conclusão. E, já que bem tarde da noite, quando saí do trabalho, a sensação ainda estava lá, insistente na sua certeza, decidi me render a ela. Curti-la até o fim, simplesmente porque era muito boa, autêntica e minha. Só minha. E, afinal, saudades é como o amor de verdade. Não tem muita explicação.Ela simplesmente é. Não há muito o que controlar.
;-)
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