Domingo, 2 de janeiro. Acordo com aquele barulho delicioso de chuva na minha janela. Adoro. Chove quase o dia inteiro pela cidade. Estou de plantão e o ar fresco me anima. Minhas plantas estão mais verdinhas, lindas. A chuva parece vida mesmo.
Segunda, 3 de janeiro. Acordo e abro a janela. Há um pouco de chuvisco. Não me animo muito. É o primeiro dia útil do ano para o resto do mundo. O meu foi ontem. Estou cansada deste plantão infinito. Do estacionamento onde deixo meu carro até o jornal tenho que abrir o guarda-chuva. Pela calçada, bato em pessoas com ele e elas me olham feio. Desculpe. De repente, onde está meu celular? Não tenho mãos vazias pra procurar na minha bolsa. Bosta de chuva. À noite, me sinto embolorada... Quero que o céu pare de chorar... estou deprimida.
Terça, 4 de janeiro. Estou de folga. Acordo animada pra fazer mil coisas. Lá fora, mais chuva fina persiste. Mas eu não me intimido. Vou no médico e, depois, na casa de minha amiga. Está tudo bem. O almoço e o papo são ótimos. Mas, de repente, o mundo cai lá fora e a luz acaba. Tranquila, Vivi, você está segura aqui. Respire funda e faça de conta que nada acontece lá fora. A chuva dá uma trégua e eu, com a Bia, vou até o mercado. Tenho coisas importantes pra comprar. A chuva aperta de novo. Fila pra entrar. Difícil encontrar uma boa vaga. Será que todo mundo teve a mesma ideia de se refugiar aqui, droga? Aquela água caindo sem parar e essa gente procurando por liquidações me irritam tanto... De repente, toca o celular. Penso: - Ótimo, preciso de uma boa notícia agora. Mas nada.... - Olha, você esqueceu de pagar uma conta, o juro é alto... Porra, já estou puta com este tempo e mais isso! Eu falo: - Chega, Bia, vamos embora. Compramos tudo amanhã - Mãe, vou te dizer uma coisa, você não fica brava, mas ficou de mau humor. - É, eu sei, é a chuva. Ela já me bastou... Penso: Se ela não parar logo, eu acho que vou enlouquecer.
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3 comentários:
telefonema com conta pra pagar tb não me faltou ontem, logo cedo... pior que a chuva! rsrs
bjs, coração :)
San
o ritmo de um poema ou um poema sobre o ritmo... rs
Também já fui brasileiro
Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.
Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.
Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.
Carlos Drummond de Andrade
Alguma Poesia (1930)
Saudades! Vê se volta logo :)
San
...pena nao ter encontrado jeito de ver voces hoje!
Segunda-feira estarei jah em Cuba. Volto em 16 de fevereiro.
No fim de semana acho dificil a gente se ver, tenho ainda que trabalhar... se puder, liga, tah?
Bjs
San
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