domingo, janeiro 29, 2006

Palavra Escrita

Acredito que a palavra escrita tem um valor incalculável.

Eu sempre me senti muito mais à vontade com elas, as palavras escritas. Nunca fui ao confessionário, pois prefiro os papéis em branco, sempre atraindo os meus segredos. Escrevendo, colocando o preto no branco como diz o ditado, o pensamento não foge, a idéia fica mais clara, o esquecimento não é desculpa e o sentimento se perpetua. Quando era mais jovem, adorava escrever cartas. Tive um amigo com o qual me correspondia todo dia. O engraçado é que a gente se via todo dia também. Só ele me conhecia de fato.

Para outro uma vez escrevi uma longa carta, de uma só vez, num papel de rascunho. A inspiração pintou, eu lembro bem, e não consegui conter meus dedos. A carta eu nunca passei a limpo e nem enviei, e me perdi desse amigo durante anos. A carta ficou guardada e recentemente o reencontrei. Resolvi que era a hora de entregar a carta e sua reação foi fantástica. Disse algo mais ou menos assim: “Olha só, naquela época você já sabia das coisas e eu demorei tanto para perceber”. Foi uma prova de que devo ouvir mais a minha intuição, coisa que muitas vezes esqueço.

Emocionada eu sempre fico quando lembro de uma carta, que recebi de um namoradinho. Adolescente, ele tinha se mudado para a Bahia com a família e ficamos amigos de cartão de Natal. Um dia, chegou uma carta sem data comemorativa. Ele contava que estava com problemas, havia sido roubado, não tinha grana, e foi chorar as mágoas com o pai. O conselho paterno foi simples, como uma palavra solta: “Lembre de algo que já te fez muito feliz que isso passa”. O menino, então, pegou a caneta e o papel: “Foi por isso que resolvi escrever pra você”, ele me disse. Foi o melhor elogio que já recebi na vida.

2 comentários:

Olheiro da Desgraça disse...

Também prefiro a palavra escrita à falada. Acho muito mais fácil expor o que sinto em um texto. Escrevendo, a gente não gagueja, não fica nervoso e corre menos risco de falar besteira.

Anônimo disse...

comentando o olheiro da desgraça
caramba! que nome é esse?
puta saco esse nosso eterno medo de parecer besta. e pensar que se a gente não fosse uma besta, o mais divertido é perceber as besteiras que a gente faz depois que tudo já passou.
gaguejar, ficar nervoso faz parte mas, precisamos parecer tão seguros de tudo e é isso que torna tudo um saco!