quinta-feira, outubro 12, 2006

Eu aceito

Agora que passou da meia-noite eu posso dizer que aceito ser sua mãe.
Serei uma mãe precoce, você sabe, mas, no futuro, a gente poderá, sim, ir juntas para algumas baladas. Só não vou me drogar tanto, mas talvez você, em algum dia, tenha que me carregar pra casa. Prepara-se.
Nos primeiros dias da gestação, não se entristeça, mas eu vou chorar muito de desespero. Se tivesse 30 já choraria, imagine, então, aos 14?
Mas, enquanto a barriga crescer, eu vou colocar uma música legal pra você escutar e já ir se acostumando com os sons de qualidade. Talvez alguma canção de ninar, talvez algo de Toquinho, sei lá, ainda vou escolher, mas você terá uma música pra não se esquecer.
Vou me surpreender e bordar lembrancinhas em ponto-cruz e um quadro com o seu nome pra colocar na porta do quarto do hospital. Tentarei por insistência ter um parto normal, mas depois cederei aos apelos do médico, dizendo que você corre riscos, e permitirei a cesariana
Depois que nascer, vou te amamentar até os 2 pra você não correr riscos. Vou sempre te fazer ninar no colo, tenha certeza, cantando baixinho aquela mesma canção que escolhi lá atrás.
Mas, não pense que sua vida será só moleza. Você não terá tudo o que quiser e nem na hora que quiser. Quanto mais espernear, e mais se jogar no chão, mais dura será sua vida ao meu lado. Vamos brigar a partir do momento em que você começar a andar, mas nunca vamos dormir sem nos falar, sem trocar beijos, sem uma história contada na cama.
Também não vai comer só tranqueiras. Não sei como farei isso, porque também quero me entupir de doces, mas juro que resistirei.
Quando entrar na escola, estarei ao seu lado na hora das lições de casa, irei nas reuniões chatas de pais e mestres e babarei nas festinhas de final de ano, com você fantasiada de flor, de borboleta, de coelho, dançando muito sem jeito.
Construiremos uma certa cumplicidade, eu sei, mas acho que na adolescência vou me atrapalhar com você. Como não brigar, como não querer que você faça o que eu acho certo, como confiar no mundo e te deixar seguir o seu caminho? Como evitar que você caia nas mesmas ciladas em que eu caí?
É! Não vai ter jeito.
Na idade adulta você vai ter que me perdoar por todas as discussões feias que teremos durante a sua adolescência, eu sei. Mas vou preferir pagar o seu terapeuta, com quem no futuro você vai falar sobre nossa tumultuada relação, do que te perder para sempre.

5 comentários:

Anônimo disse...

E sabe o que eu vou ser no futuro? Um pouco de nós duas, não só só pelos cabelos e óculos parecidos...

Anônimo disse...

e eu? o que vou ser nesta história? amiga de quem? da mãe ou da filha?

Anônimo disse...

bando de piradinhas...
vou ser tutora das três, afinal, alguém precisa ter juízo, né não? (rs)...

Anônimo disse...

eu num tenho mesmo! (juízo!)

Anônimo disse...

e aí, povo sem juízo,
vamos dançar hoje ä noite??
é tudo q eu queria, se conseguir sair do fechamento antes da 1h...