domingo, agosto 03, 2008

Registro

Expectativa, desejo. Desejo, expectativa. Qual é a ordem certa disso? Não há. O certo é que tudo é tão dinâmico. Tudo é tão desânimo. E brincar com desejos e expectativas parece tão fácil. E se faz tanto disso que parece até uma aposta: eu vou porque vou provar pra você que isso não existe. O que você sente não existe. O que você quer não existe. O que você acredita não existe. Eu não existo. Percebeu, garota? Constatação: o lado duro da vida está vencendo. Você tem razão. Eu estou ficando mais dura. O que se sente, mesmo sem querer, está mudando. O que parecia tão certo agora está calejado, desconfiado, cansado.

Entristecido, porém. Ninguém quer saber mais disso. Pra quê? Uma punheta basta. E de porre. Mas uma só. Mais que uma dói a mão. Dá trabalho.


Ontem cantaram Sentimental pra mim. Tenho que cantar e cantar pra não desistir. Não desistir de mim. E tentar transformar o sentimento. De novo. Geminiana eu sou. E esse é o meu desejo


Sentimental, sentimental
Um coração saliente
Bate e bate muito mais que
sente
Fica doente
Mas é natural, natural
Que num cochilo de agosto
Surja um outro alguém do sexo oposto
Do sexo oposto, outro alguém

Ontem vi tudo acabado
Meu céu desastrado
Medo, solidão, ciúme

Hoje eu contei as estrelas
E a vida parece um filme
Gemini, gemini, geminiano
Este ano vai ser o seu ano
Ou senão, o destino não quis
Ah, eu hei de ser
Terei de ser
Serei feliz
Serei feliz, feliz
Façam muitas manhãs
Que se o mundo acabar
Eu ainda não fui feliz
Atrapalhem os pés
Dos exércitos, dos pelotões
Eu não fui feliz
Desmantelem no cais
Os navios de guerra
Eu ainda não fui feliz
Paralisem no céu
Todos os aviões
É urgente, eu não fui feliz
Tenho dezesseis anos
Sou morena clara
Atraente
E sentimental.




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