O zunido tomou conta da minha cabeça e eu sabia o que viria depois. Enquanto a senhora falava sem parar do outro lado da linha, aos poucos, suas palavras iam se perdendo para mim. Eu não queria mais ouvir.
- Então, Vivi, ele ficou parado na porta, sem reagir. Depois, foi para cama e começou a tremer. Teve uma hora que achamos que estivesse morto e...
Eu a cortei para não dar na vista e menti:
- Olha, vou ter que desligar. A Bia está me chamando.
Desliguei o fone e chamei a Val. Depois, não lembro de mais nada.
Só sei que acordei no sofá, melada de um suor frio, escutando a minha própria respiração pesada. Mais parecia que tinha saído de uma piscina gelada.
- Você desmaiou - me disse uma Val assustada, branca como uma folha de papel - Eu te coloquei no sofá.
- É, acho que foi a notícia, a insônia, o levantar rápido, o remédio, a falta de café... Tudo isso junto e mais um pouco.
Fiquei o resto da manhã assim, pensando naquela vertigem. Que foi preocupante, mas que foi boa. Como foi boa aquela sensação de sono profundo, que nem sei quanto tempo durou! É que, quando eu voltei, não tinha a intenção. Só sei que não queria acordar. E voltei sem me esforçar, sem ouvir nenhum chamado, como se minha alma fosse tomando conta de cada parte do meu corpo bem devagar, encaixando parte por parte. Foi uma viagem rápida, e assustadoramente feliz.
;-)
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