domingo, agosto 21, 2011

Sem palmas

O grito do homem me paralisou. O tom de sua voz tinha o mesmo desespero do menino e foi por isso que eu me lembrei dele, com sua linha rompida. Por um instante pensei: será que lá no passado a linha desse homem também se partiu? Tanto desespero assim e agora por causa de uma linha que caiu? Mas o que parecia não era. Não para aquele homem. Aquilo era era só um tom muito forçado. O grito mais alto para fazer o outro calar. No olhar não tinha desespero. Tinha só o risco de uma cena imaginada e que ali, na esquina escura, encontrou o seu palco perfeito. E a plateia? Apenas eu, que fui embora sem bater palmas.
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