quinta-feira, agosto 10, 2006

Vida astral

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Abro o jornal e vou ler meu horóscopo de hoje. Tenho que morrer de rir e manter meu bom humor. Olha só:

"Sua vida espiritual tem sido um grande objeto de estudo com a Lua em Áries. Isto facilita a junção de partes separadas de sua personalidade, em torno de um ser maior dentro de você."


Aí eu começo a pirar: objeto de estudo parece coisa de cientista maluco, penso. No caso, eu mesma. Será que foi isso que a astróloga quis dizer? Que os geminianos devem fazer autoanálise?
E volta o tema das duas partes querendo se unir. Justo agora que começo a achar que o melhor é ficar assim, dividida, entre o estável e instável, entre o sério e o escracho, entre o amor e a dúvida, entre o ideal e o real, entre o reter e o deixar partir.
Nesses tempos difíceis, minhas opções não têm sido nada lógicas. Escrachada, mergulho na instabilidade do amor ideal para cair na dúvida real e simplesmente decidir que o meu agora se resume em deixar partir.
Ser maior parece que pesa uns quilos a mais no corpo e na consciência. Ser maior seria insistir até a completa exaustão? Ou ser maior significa alguém tão magnânimo e bondoso que chega a ser chato? Alguém que perdoa tudo e aceita tudo do jeito que lhe é dado? É isso que a religião ensina a vida toda pra gente, não é? Esse ser maior não me serve.
Acho que preciso de mais alguns ciclos da Lua em Áries para descobrir qual é esse ser maior que a astróloga diz estar dentro de mim... Por hora, queria deixar o espitual de lado e me contentar em ser de carne e osso, o que já é bem difícil.


Um comentário:

Jorge Cordeiro disse...

recomendo um disco pra acompanhar a leitura desse horóscopo: Astral Weeks, do Van Morison

bjs!