terça-feira, setembro 05, 2006

O outro caminho

Enquanto você se esconde, eu escancaro as minhas janelas
E me exponho cada vez mais
Sem medo de exagerar
Ou errar

Enquanto você se afasta, eu sigo meu outro caminho
E tropeço
E vacilo
Mas não ouso parar

Enquanto você me persegue com o canto do seu olhar
Eu te encaro e te digo
Não se aproxime
Me deixe

Porque dessa vez eu vou sem você

Um comentário:

Anônimo disse...

JANELAS

Há um homem sonhando
numa praia; um outro
que nunca sabe as datas;
há um homem fugindo
de uma árvore; outro que perdeu
seu barco ou seu chapéu;
há um homem que é soldado;
outro que faz de avião;
outro que vai esquecendo
sua hora seu mistério
seu medo da palavra véu;
e em forma de navio
há ainda um que adormeceu.

João Cabral de Melo Neto