Odeio essa palavra! Acho de extremo mau gosto o que vem na entrelinha da expressão: "seu maridão..."
Vem sempre com uma maledicência, uma insinuação de que ele, o marido, é um bem de consumo, uma coisa, um objeto que precisa ser preservado a qualquer custo, manipulável ao belprazer da mulher, algo de segunda categoria.
É ainda pior quando vem assim a fala: "Essa é pra segurar o maridão!". Quem precisa segurar o quê, cara pálida? Por que as pessoas acham que toda mulher quer "segurar" o outro, quer manter alguém pra sempre grudado do seu lado, como se a sobrevivência dela dependesse disso? Seria por que a solidão é assustadora para maioria?
Sei que há mulheres que temem a solidão. Eu também tenho medo às vezes... Mas, Deus, não dá pra se agarrar no medo! Será que não percebem que tem gente diferente. Eu sou diferente! Conheço dezenas de mulheres diferentes.
Odeio quando me perguntam: "cadê o maridão?" O que me irrita é essa necessidade de posse e controle que a maioria tem.
As pessoas são únicas, independentes, não nasceram ligadas. Se encontram, se apaixonam, se amam, ficam juntas, se separam. Faz parte. Cada passo pode doer, de dor ou de prazer, mas é a intensidade de cada passo que dá a graça dessa coisa chamada vida.
E ficar com alguém é mais do que "segurar". É primeiro conquistar, depois dividir, ser cúmplice, manter prazeres e ainda passar por cima de dissabores. E isso sim é difícil!
O que me deixa ainda mais indignada é a falta de consideração com o outro, o marido, como se ele não tivesse parte nisso, fosse alguém estúpido e sem vontades, à disposição da mulher.
Então, vamos combinar: eu não tenho "maridão". Tenho amigo, companheiro, parceiro, namorado, marido, amante ou homem. São nomes melhores, que dizem muito mais de uma relação do que o estúpido "maridão".
Hoje estou com ele. Amanhã, quem sabe?
quarta-feira, março 28, 2007
domingo, março 25, 2007
Lua @ Sol
(resposta para Lívia)
Sempre me achei mais Sol que Lua. Tenho a pretensão de aquecer a Terra, de esquentar o mundo, todo mundo...
Às vezes me assusto com a repercussão do que falo, um brilho que não alimento, que me segue como se não fizesse parte de mim, me empurrando, assoprando no meu ouvido o que devo fazer. Me assusta também o bem querer de tantos. Nunca acho que o mereço.
Porque, no fundo do meu coração, carrego essa tristeza lunar, entro em paradas escuras e saio ferida e me sentindo perdida. Mas nunca arrependida. Nunca a ponto de desistir e também nunca pronta para esquecer.
Tenho mesmo essa
"esperança no amanhecer,
no devir,
no fruto ou na renovação..."
Pretensão é a palavra. Minha pretensão de ser alguém de quem eu nunca me envergonhe.
Sempre me achei mais Sol que Lua. Tenho a pretensão de aquecer a Terra, de esquentar o mundo, todo mundo...
Às vezes me assusto com a repercussão do que falo, um brilho que não alimento, que me segue como se não fizesse parte de mim, me empurrando, assoprando no meu ouvido o que devo fazer. Me assusta também o bem querer de tantos. Nunca acho que o mereço.
Porque, no fundo do meu coração, carrego essa tristeza lunar, entro em paradas escuras e saio ferida e me sentindo perdida. Mas nunca arrependida. Nunca a ponto de desistir e também nunca pronta para esquecer.
Tenho mesmo essa
"esperança no amanhecer,
no devir,
no fruto ou na renovação..."
Pretensão é a palavra. Minha pretensão de ser alguém de quem eu nunca me envergonhe.
quinta-feira, março 15, 2007
Reconciliação
A dor me leva de volta à água. Me reconcilio com ela, e a aceito de novo, com sua maciez e seu silêncio. O meu silêncio.
Entro devagar. Odeio respingos pra todos os lados, divisão de problemas com os outros, forma de demonstrar autoconfiança, mas é só autoafirmação.
Respiração profunda, olhos abertos, me estico e sigo.
Num susto, me surpreendo ao ver no fundo minha sombra. Ela me segue livre, como que desprendida de mim. Sua aura é própria. Ela está lá, refletida no azulejo escuro, fazendo cada movimento melhor do que eu mesma.
Apuro a visão e sinto cada onda que se forma com nossos toques. Mudo de posição, olho pra cima, a luz do sol fraco passa através do teto translúcido.
Percebo meus braços, mãos e dedos. Eles vem e vão, surgem e desaparecem e me empurram para a parede.
A água morna me envolve toda, com se fosse um corpo masculino, e eu vou imaginando que ela é. Um corpo bom, grande, que me cobre inteira, me toma e me proteje. Sem ele, na saída, é só frio.
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. Viro e sigo de novo.
O sol se vai, agora só há refletores ofuscando meus olhos.
- Senhora, é hora de sair.
Acabou o meu prazer.
Entro devagar. Odeio respingos pra todos os lados, divisão de problemas com os outros, forma de demonstrar autoconfiança, mas é só autoafirmação.
Respiração profunda, olhos abertos, me estico e sigo.
Num susto, me surpreendo ao ver no fundo minha sombra. Ela me segue livre, como que desprendida de mim. Sua aura é própria. Ela está lá, refletida no azulejo escuro, fazendo cada movimento melhor do que eu mesma.
Apuro a visão e sinto cada onda que se forma com nossos toques. Mudo de posição, olho pra cima, a luz do sol fraco passa através do teto translúcido.
Percebo meus braços, mãos e dedos. Eles vem e vão, surgem e desaparecem e me empurram para a parede.
A água morna me envolve toda, com se fosse um corpo masculino, e eu vou imaginando que ela é. Um corpo bom, grande, que me cobre inteira, me toma e me proteje. Sem ele, na saída, é só frio.
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. Viro e sigo de novo.
O sol se vai, agora só há refletores ofuscando meus olhos.
- Senhora, é hora de sair.
Acabou o meu prazer.
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