domingo, abril 02, 2006

Pelo menos um fruto

Se esse blog não virar nada, se acabar apenas se transformando em um painel de palavras soltas, sem sentido, ou com sentido apenas pessoal....
Se esse blog um dia eu apagar e esquecer, pelo menos um fruto ele teve: de tanto encher a Dani , ela também voltou a escrever.
Estão, aí vai mais uma dela. Um poema que eu não sei o título:

"como se estivesses junto a mim, eu te saúdo.
não ouso olhar de lado,
para que eu não fique de frente com a verdade

ensaios de um sorriso amargo e fútil,
o faz-de-conta, a insistência, o inútil passatempo.
a impaciência disfarçada em letargia.
um vago olhar que não admite a agonia.
a mesma sala, a janela, o mesmo canto.

silente canto a madrugada principia.

em vão o desdenhar. nada convenço.
é tudo aqui. é tudo imenso. tudo agora.

se calo, a minha mente me ignora.
e embora não lamente, sei que falo.
inalo o que evapora do ambiente,
outrora tão da gente a perfumá-lo

te trago mais pra mim, no pensamento,
e invento que o presente é o passado,
que a chuva na janela não existe,
que o beijo inda divide o mesmo trago,
as mãos não se deixaram à própria sorte,

que a fala vem da mímica das línguas bailando pela química das bocas,
que as pernas se assemelham aos nossos braços no tanto dos abraços que nos
damos, que os olhos que são teus, são meus iguais, pois vêem só nós dois e ninguém
mais

...tudo o pensamento dulcifica.
mas o que fica é esse gosto amaro
pela certeza de um não-momento
contando o tempo de uma noite em claro."

Um comentário:

Anônimo disse...

caramba! depois que se fez nascer as primeiras linhas e, sendo você a mãe, o que importa no que vai dar esse blog?
acho até que ele já deu: VOCÊ!