sábado, abril 12, 2008

A estranha na foto

Tirei a tarde hoje para organizar as minhas fotos. Tenho centenas delas ainda fora de álbuns, tudo bagunçado, sem saber de qual data são. Assim como quase 90% da humanidade, eu imagino. Consegui organizar um pouco, mas ainda continuo atrasada em dois anos. Preciso comprar mais álbuns e espero ter isso pronto até a mudança.

Mas o barato de organizar as fotos é mesmo revê-las. Como ainda sou antiguinha, não tenho a tal da máquina digital, nada do que registro é apagado. Hoje, encontrei fotos que simplesmente já tinha esquecido. Velhos amigos e amigos velhos. Situações felizes, outras estranhas e até constrangedoras.

Mas fiquei assustada mesmo ao encontrar uma minha, de uns cinco ou seis anos atrás. Não porque me achei diferente ou mais nova. Mas fiquei assustada simplesmente porque não me reconheci nela. É como se aquela não fosse eu. Nada nela se parecia comigo.

Voltando ainda mais no tempo, o coerente seria continuar a não me reconhecer nas imagens. Mas não. Nas fotos de 15, 20 anos atrás, lá estou de novo, brilhando. E de novo estou lá, nas mais recentes. E resplandescente, eu diria. Só naquela, ou naquelas, de um determinado período que não me achei.

Isso parece loucura, talvez. "É fruto do seu amadurecimento", devem dizer os terapeutas de plantão, que colocam tudo na conta do tempo. Mas não sei se é isso. Como diz uma amiga minha, tem gente que só consegue amadurecer em um aspecto da vida, o profissional por exemplo, mas continua um adolescente bobo em outro, como no emocional. Quem não conhece alguém assim?E ainda não sei se é esse o meu caso. Tento porque tento que não, mas vai saber, né? É muito difícil reconhecer a própria imaturidade.

Mas o fato é que eu fiquei pensando durante o resto da tarde e também à noite sobre o porquê desse estranhamento. E, pensando nela, naquela que não reconheci, acho que, sem muita consciência, ela tentava ir contra a sua própria natureza. Ou contra os seus próprios sentimentos e vontades e instintos e intuições. É só isso que eu posso imaginar.

De toda forma, ela já passou e fico feliz que tenha participado da minha vida e passado. E sei que não há mais risco dela voltar, porque agora tenho consciência dela. Naquela época, nem a percebia. E também sei que dela, apesar do estranhamento, sinto um orgulho danado. Como também de todo o resto.

PS: a Bia acabou de me dar um coração. No fundo, não é isso que vale? Ganhar, sem pedir e nem imaginar, um coração do jeito que for pra tomar conta?

Ganhei o meu dia.

Mais um dia.

:-)

.

Um comentário:

Suzy disse...

Faz todo o sentido suas palavras;**

Gostei do sei blog;*

=*