A farra do dia hoje foi o namoro da Cléo com o Théo. Namoro arranjado, devo dizer. Queremos filhotes.
Ela gosta dele, ele gosta dela, são da mesma raça, os dois virgens, pretinhos e alegres.
Mas ele tem um defeito difícil pra ela encarar: é enorme! Um cão amoroso, mas pesado, desajeitado, que não sabe como chegar naquela menina miudinha, delicada e leve como uma pluma.
Os dois têm a mesma altura e comprimento, mas a largura é desproporcional. Eles brincam e brincam, e mal latem um para o outro quando estão brincando, deitam e e rolam, até a hora do vamos ver... e a coitada desaba. Literalmente cai! E late de raiva, mostrando os dentes pra ele: "Vai com calma!"
O dia começou com a gente indo levar a Cléo pra casa do Théo. "No território do macho é mais fácil!", alguém nos disse.
No sábado, os dois já haviam passado a tarde em casa, mas nada... Mas hoje, enquanto estávamos na padaria tomando café da manhã, ela ficou lá na garagem dele, grudada na grade, se sentindo refém: "Mãe, Bia, me tirem daqui!", parecia que gritava quando nos viu de volta. Decidimos, então, levá-lo pra brincar na nossa casa: "Sabe como é, no quintal grande, com mais espaço, os dois podem se acertar!", eu disse pra 'mãe' do menino.
O dona do Théo também estava animada com o encontro. "É que também não aguento mais. Só ando de calças compridas agora! Ele não para de grudar nas minhas pernas!", me disse, com um sorrizinho.
Mas, ao mesmo tempo, a senhora, que tem lá seus 65 anos, se sentia meio traída por ele. "Ontem, quando ele voltou da sua casa, ficou tão deprimido... É por causa dela. O Théo sempre deita comigo de noite, mas ontem não quis nem saber de mim. Eu chamei e ele só ficou lá, no canto. É que nem filho, sabe? Quando arruma uma namorada esquece da mãe!"
"É, deve ser isso mesmo!!!", eu respondi, me divertindo.
Em casa soltei os dois no quintal. Mas o moleque é tão gordo que nem conseguia subir a mureta que a Cléo pula com a maior agilidade. E parece tão atrapalhado que entra com as quatro patas dentro do pote de água. "Deve ser o calor", eu penso, enquanto a Bia não pára de rir.
Uma tarde toda e eles ficaram lá, entre tapas e beijos. Mais nada... nada mais sério.
No fim da tarde, o garoto já estava ansioso pra voltar pra sua casa.
"Olha, não deu certo hoje de novo. Amanhã a gente pode tentar de novo! E ele parece que já estava esperando a senhora aqui na porta! Tava ansioso mesmo", eu disse pra 'mãe' dele, quando ela chegou pra buscá-lo.
"É que esse cachorro não me larga. É muito grudado em mim, não te disse!", ela respondeu, feliz da vida.
Pelo menos traída a senhorinha não vai se sentir mais.
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