segunda-feira, setembro 15, 2008

Datas pra não esquecer

Ele saiu apressado hoje. No fim do dia, estava lá, ansioso, querendo acabar logo com o trabalho e sair correndo.
"Sabe, Vivi, é que hoje é meu aniversário de casamento. E, pôxa, eu esqueci de manhã! Por isso quero chegar em casa logo...."

Achei engraçado aquilo. Eu quase o invejei. Mas não cheguei a isso.
Parei mesmo foi pra pensar que nunca tive uma data assim, pra comemorar.
Nem eu e nem o Mauro nunca nos importamos com isso.
"Mauro, afinal, começamos a namorar no dia 17 ou 19 de dezembro? 88 ou 89? E o casamento? Foi 12 de fevereiro ou 11 de qual ano mesmo? Acho que foi 2000"
Só sei a data que mudamos pra casa: 12 de setembro de 1994, mesmo dia que comecei a trabalhar no Diário (E já abro um parênteses: não disse que a gente não liga pra datas? Nem lembramos este ano! Agora, exatamente agora, que me dei conta: fez 14 anos na sexta-feira passada!).
Mudança de vida radical foi aquela: comecei a trabalhar no novo emprego de "ripórti"e passei a morar com um cara exatamente no mesmo dia. Era uma segunda-feira.

"Mãe, vou dormir hoje na casa", avisei por telefone.
"Mas, hoje, filha? Já?"
"Mãe, como já?! Até compra de mês a gente já fez. O colchão chegou. E o Mauro vai dormir lá. Então, eu passo aí, pego só algumas roupas e vou prá lá!"
"É, tá certo... Então, tá!"

Foi assim o meu "casamento". Sem festa, sem convite, sem bem-casado.
Nunca trocamos um presente nestas datas. Mais comum a lembrança no fim do dia, ou dias depois: "Ahn, foi ontem que fizemos aniversário de namoro?"
Se me sinto infeliz ou triste ou frustrada com isso? Nem um pouco. É só uma constatação curiosa da vida que eu resolvi viver.
Acho que isso tem a ver também com como construímos esse relacionamento. Sempre mais como um namoro, que caminha para a amizade, para o companheirismo. "Somos colegas de quarto", eu costumo dizer.
Estranho falar "meu marido". Estranho ouvir "minha mulher". Prefiro ser "a Vivi". Digo "meu marido" só quando quero dispensar vendedores chatos. "Ah, moço, desculpe, mas tenho que consultar meu marido...", reforço o tom na hora de falar as palavras meu e marido e eles desistem. Me divirto com o quanto eles são ridículos. Acreditam, sem questionar. Afinal, neste mundo machista a mulher ter que consultar o homem da casa pra poder comprar é mais comum do que se imagina.

Mas, voltando ao meu colega, que encomendou flores às pressas pra mulher e se sentiu culpado por esquecer...
Agora, neste exato momento, eu torço pra ele estar bem feliz, na cama, ao lado de dela, curtindo mais um ano de casamento.

Eu não tenho a data, mas acho o máximo que tem, e curte, e se sente bem e feliz com alguém.

:-)

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