Minha amiga Ana tem a mania de profetizar sobre a vida de seus amigos. Não ligo não. Acho divertido até, mesmo porque ela já acertou algumas vezes. Mas confesso que às vezes me dá um frio na espinha o que ela diz sobre o meu possível futuro.
A última profecia da Ana é sobre a solidão. A minha solidão.
Não ligo de estar só. De verdade, estou curtindo o "descasamento" em doses homeopáticas. Foi uma escolha minha e, aos poucos, vou fazendo o que posso para consolidá-la, digo, a separação.
Assim, o primeiro passo foi estar só do ponto de vista afetivo. Ou seja, já está claro para mim e para o outro que acabou, que somos amigos e podemos viver bem com isso. E está sendo ótimo para mim viver isso no dia-a-dia. Por si só já é uma história bem diferente das que conheço por aí sobre separações, a maioria delas dramáticas e rancorosas. É lógico que há dor no processo, mas eu estou me saindo bem com ela e acho que ele também.
Até a Bia já entendeu que vamos morar em casas separadas e tem me acompanhado na melhor parte desta fase da nossa história: a procura pela nova casa ideal. Tem sido delicioso olhar aps ocupados, vazios e até em construção.
Então, voltando à Ana, o que ela diz é que, de fato, apesar desta minha solidão por opção, eu ainda não estou assim tão só. Porque ainda não mudei de casa, minha separação ainda não é visual para o grande público e a Bia está sempre comigo.
E ela profetiza que a pior parte, a que é mais dolorida ainda do que a descoberta que o casamento acabou, é a solidão quando ninguém mais estará comigo no dia-a-dia. "Aí você vai sentir!"
E que ninguém pense que ela diz isso por mal, porque a Ana nunca quer o meu mal. Ela fala isso como falaria "nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos". Para ela, esse será o curso natural das coisas. Ela profetiza: você só saberá o quanto está curtindo a solidão quando o telefone tocar e não tiver vontade de atender. Só aí, completa, estará feliz se sabendo sozinha de verdade.
Pode ser, Ana, eu digo. Mas o fato é que tudo até agora foi encabeçado e decidido por mim. E as decisões sempre foram solitárias, por mais que eu buscasse ajuda, apoio e conselhos aqui e ali. E eu também não acredito que as fórmulas são iguais para todos. Aliás, tenho a pretensão de fazer as coisas diferentes. É um desafio pessoal.
Por tudo isso, amiga, se tiver que vir a tal da "solidão pior", que venha. Eu estou duvidando.
E, se vier, no fundo, no fundo, eu acho que já estou bem preparada para ela.
:-)
3 comentários:
Oi, Vivi!
Sabe, fiquei pensando... Existem duas "solidões": aquela da ausência do(s) outro(s) e aquela que é a presença exclusiva da gente mesma. Em momentos de solidão #2, somos capazes de encontrar a criatividade e a plenitude, não podendo dizer o mesmo da solidão #1... Cada homem é uma ilha, e é verdade. Mas pode ter certeza que isso tudo aqui é um baita arquipélago! Estou por aqui tb, quer dividir uma água de côco a beira-mar? :o)
Beijão!!!
Quem disse que a solidão que está por vir é a pior? Quem disse que solidão é um coisa tão ruim? Ficar só e gostar, é uma conquista que se aprende. E não é profecia.
Dizer "é a pior" é força de expressão, Ana. Eu escrevi aí que só depois eu saberei se curtirei ou não essa tal solidão que você fala. E é uma profecia sim, porque é uma suposição sobre o futuro, uma hipótese.
Postar um comentário