domingo, outubro 26, 2008

O caminho

Quando alguém, ou alguma coisa muito importante, passa pela nossa vida, e sem saber explicar direito o porquê nada dá certo como planejado, fica lá, no fundo do coração, algo como uma agulha, cutucando sem parar. Aí, a primeira reação, até de autoproteção, é se fechar, ou caminhar para outro lado. Vamos lá fazer outra coisa, procurar outro rumo, tentar encontrar outras gentes, inventar amores, trocar de amigos! Vamos evitar as lembranças do que deveria ter sido. Músicas, textos, objetos, fotos, tudo o que possar fazer lembrar o que não teve forças para ser é intuitivamente banido. É assim com 99% das pessoas, eu acredito.


Mas, depois de um tempo, se você é um pouco lúcido e tem amor-próprio, você permite que o que foi do outro volte a fazer parte da sua vida. Você se deixa levar pela nostalgia do que foi, mesmo que não tenha sido tudo o que você quis ou imaginou merecer, e se sente feliz por ter boas lembranças. Se você tem mesmo amor-próprio, dá um jeito de aproveitar o lado bom de tudo o que passou. Porque nem tudo é sempre totalmente perdido. Não dá pra ter raiva da vida só porque as coisas não andaram do jeito que você imaginou que deviam ser. Não dá pra se colocar da posição da coitada vítima.


Acho que estou nessa fase: mais nostálgica. Escrevendo mais, deixando voltar as músicas que eu aprendi a gostar, ou passei a gostar mais, lendo, revendo e analisando algumas situações... Tentando, principalmente, cumprir todas as promessas que fiz a mim mesma, mantendo a esperança na vida, enfim. Enquanto o tempo passa, eu vou desenhando o meu caminho. Parece piegas, mas a dor e o amor são sempre piegas.


;-)

5 comentários:

Anônimo disse...

espero conseguir ser mais lúcida. Hoje não me permito nem o brilho de uma lembrança...

Anônimo disse...

Somos engraçadas. Às vezes escutamos demais, outras, de menos. Nos percebemos muito bem e tb nos ignoramos completamente, com a mesma facilidade. Ando pesando gesto e palavra com um cuidado milimétrico, que beira a piração. Minha lucidez (acho) é perceber que isso é quase sempre bom e não precisa (não deve nunca) ser sinônimo de perda da espontaneidade. Acaba se parecendo mais com um caminho em que podemos nos procurar em duas vias, de dentro pra fora e de fora pra dentro (como na canção de Walter Franco!).Mas, pelo menos por enquanto, me parece um caminho difícil, sujeito a enganos e cansaços.E,entusiasmos à parte, poucas vezes me leva muito além do meu próprio quintal.


Bjs, meninas
San

Anônimo disse...

O anonimato é, às vezes, apenas uma preguiça. Não quer dizer nada mais do que isto. E às vezes uma simples impossibilidade de lidar com coisas práticas. Tudo pode ser tão mais simples, não é?

Anônimo disse...

Claro, vc tem razão. Mas não estava falando só de anonimato. Quis falar de convivência, carinho e atenção.Se fui chata é pq ando mesmo meio chatinha. Mas sara (rs).


vamos tomar umas à noite?
bjs/Sandra

Anônimo disse...

Li e novo. Este texto me conforta.